Como identificar e lidar com o estresse do cuidador de idosos

Muitos profissionais tem sofrido do chamado “estresse do cuidador”, condição que se caracteriza por sintomas diversos como: sensação de opressão, preocupação constante, excesso de sono ou insônia, ganho ou perda de peso de forma desmedida, irritação, tristeza, sensação de cansaço constante, perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas, dores de cabeça ou dores em outras partes do corpo. Saiba mais no Blogdocuidado.

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Estresse do cuidador de idosos

O estresse do cuidador, se não tratado adequadamente ou simplesmente ignorado, pode evoluir para casos de ansiedade, depressão, ou pior, podendo favorecer a manifestação de doenças psicossomáticas em que a mente infringe um mal físico ao corpo, muitas vezes com consequências terríveis.

A condição atinge tanto cuidadores familiares quanto profissionais, por isso recomendamos a leitura deste artigo por todos os envolvidos no cuidado a idosos.

É preciso que o cuidador cuide de sua própria saúde ANTES que possa estar apto a cuidar da saúde de outra pessoa.

Adriano Machado, fundador da Acvida

Síndrome do estresse do cuidador

O trabalho de cuidador de idosos não é fácil. Muitos experimentam momentos em que o cansaço e a frustração de cuidar de um ente querido, ou de um paciente, parecem tomar conta do corpo e da mente.

Esse cenário, inicialmente comum a muitos, se ignorado, poderá evoluir para a síndrome do estresse do cuidador: um quadro onde a pessoa fica em um estado de ansiedade, tristeza e esgotamento permanente devido à responsabilidade de cuidar de uma pessoa dependente.  

Escala de estresse do cuidador

A síndrome do estresse do cuidador aparece de forma gradual, em fases.

  • Primeira fase: É quando as circunstâncias familiares exigem que um dos seus membros deve ser cuidado (essa é a pessoa assistida), sendo destinado um único membro da família a assumir o papel de cuidador principal. No caso de cuidadores profissionais, ocorre quando há menos cuidadores do que o requerido;
  • Segunda fase: É o desequilíbrio entre as exigências e os recursos, ou seja, o cuidador observa que as exigências que o assistido requer são muito grandes e, para cobrir as suas necessidades, é necessário dedicar-lhe mais tempo e mais cuidados, esgotando as possibilidades do cuidador;
  • Terceira fase: É a reação perante a sobrecarga, pois com o tempo, o aumento de horas e de cuidados dedicados ao assistido produzem elevados níveis de estresse e esforço e, com isso, começam a aparecer os primeiros sintomas da síndrome do cuidador (confira detalhes em “Sinais de estresse do cuidador” a seguir);
  • Quarta fase: É o alívio quando a pessoa dependente (assistido) falece; muitas vezes o cuidador até teme expressar o alívio da carga que essa situação oferece. Devido a isso, é comum surgirem sentimentos de culpa junto desses pensamentos. Mas é preciso ter consciência que essa sensação de liberação é natural, pois o cuidador se encontrava totalmente preso perante a situação.

Sinais de estresse do cuidador

Para você saber se está passando por um quadro de estresse do cuidador, é bom perceber alguns sintomas ou sinais em três esferas.

  • Na esfera física, os sintomas são a perda de energia e sensações de fadiga e cansaço, dor nas costas, cefaleia (dores de cabeça), tonturas, incapacidade para relaxar, dispepsia (sintomas de má digestão como desconforto abdominal, arrotos e náuseas), dores musculares e sensação de pernas pesadas.  
  • Na esfera psíquica, os sintomas são ansiedade, depressão, alterações no sono, apatia, irritabilidade, nervosismo, pensamentos de suicídio ou de abandono, ressentimento em relação à pessoa de quem se cuida, sentimentos de desespero, dificuldades para manter a concentração e problemas de memória.
  • Na esfera social, dentre seus sintomas, temos o isolamento, perda de interesse pelo próximo, dificuldade nas relações interpessoais e reação exagerada à críticas.

Cuidados que o cuidador deve ter com si mesmo

Para fazer um bom atendimento e manter um bom clima (harmonia) com seu assistido, é necessário que o cuidador faça algumas perguntas para si todos os dias: 

  • Eu estou bem fisicamente?
  • Eu estou bem psicologicamente?
  • Estou me cuidando?
  • Como me envolver com o trabalho sem passar meus sentimentos pessoais para a pessoa assistida?

O ator que se confunde com o personagem passar a viver a vida dele (do personagem) e não mais a sua, e isto não tem nada de sadio: vira uma fantasia ou um pesadelo, a depender do roteiro do filme.

Adriano Machado

O cuidador deve estar 100% focado no idoso enquanto estiver no trabalho. Em seus horários de descanso, contudo, deve estar 100% desligado das atividades relacionadas ao idoso que assiste. É necessário manter a separação entre a vida pessoal (do ator) e a do personagem (o cuidador).

Apenas cuidando de si mesmo, e evitando a síndrome do estresse do cuidador, quem acompanha um idoso dependente poderá ter uma vida feliz e assim garantir, com sua atenção profissional, as atividades de vida diárias e a qualidade de vida do idoso.

Informação ajuda a diminuir o estresse do cuidador

Confira alguns vídeos que preparamos sobre o tema.

Cuidador: cuide-se para poder cuidar

Quem cuida do cuidador de idosos?

É necessário gostar da profissão para ser cuidador de idosos?


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