Respeito ao idoso por parte do cuidador é responsabilidade do profissional e de todos os envolvidos no cuidado

Respeito é fundamental em qualquer relação humana, e respeito ao idoso é o último tema do ano do Blogdocuidado.

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Hoje comentamos situações e trazemos exemplos de atitudes respeitosas (e outras nem tanto) de cuidadores para com seus idosos.

O que devemos fazer para respeitar os idosos?

A empatia e a atenção são cruciais quando se trata de um atendimento profissional ao idoso. Enquanto a primeira não depende apenas do cuidador, a segunda sim.

O objetivo deste texto é chamar a atenção dos profissionais cuidadores, e dos familiares, para pontos chave desta relação. Confira.

Respeito ao espaço do idoso

Quando o idoso se torna dependente e o domicílio passa a local de trabalho do cuidador, modifica-se assim o cotidiano de todos que ali moram.

Respeitar o espaço e os hábitos da casa, pedir licença e manter discrição ao entrar em cômodos reservados (sempre com autorização), são exemplos de atitudes essenciais para se manter um bom relacionamento entre profissionais e moradores. Vamos detalhar estes e outros pontos à frente.

Respeito ao idoso independente

Quando se trata de um idoso independente, o cuidador deve ter como objetivo incentivar a independência da pessoa, sempre estimulando-a dentro de suas possibilidades.

Pegar um copo de água pode (muitas vezes) parecer uma gentileza, mas muitos fisioterapeutas dizem que uma simples caminhada até o filtro pode ser um exercício capaz de manter a autonomia de gente que, de outra forma, passaria boa parte de seus dias sentados em poltronas ou em camas, aproximando-se de se tornar cadeirante ou acamado mais cedo.   

Respeito ao idoso dependente

Da mesma forma, o cuidador precisa de atenção e vigilância com relação às suas atitudes mesmo quando seu assistido for mais limitado. Não é porque o idoso não fala, por exemplo, que o cuidador não deve pedir licença para entrar no quarto, para trocar uma fralda, para fazer sua higiene íntima.

O respeito ao idoso no dia a dia do cuidado inclui a lembrança constante de que o corpo é da pessoa assistida, e esta deve assentir que manipulada. Cada procedimento das atividades de vida diárias do idoso deve priorizar seu conforto e bem-estar físico e psicológico.  

Etiqueta e o cuidador de idosos

Por desenvolver seu trabalho em um ambiente residencial, o cuidador domiciliar deve manter-se atento a comportamentos e atitudes que não sejam costumes da família atendida, mantendo a postura requerida.  

Situações como “A cuidadora fala alto demais” ou “A cuidadora fala demais” são pontos de conflito constante entre cuidadores e familiares, e mostras de como a falta de respeito ao idoso pode advir da simples falta de discrição em situações cotidianas.

O combinado não sai caro

Cada assistido possui uma rotina diferente, sendo necessário ao cuidador adaptar-se a cada uma. O Diário do Cuidador de Idosos pode ajudar na padronização e manutenção adequada dos cuidados.

Na mesma direção, ordens conflitantes podem causar dificuldades no cuidador em interpretá-las. Assim, deve ser estabelecido pela família a quem o cuidador estará subordinado de forma a evitar situações como: o filho pede que o idoso não saia do lado do pai, e o pai (lúcido) pede para ficar sozinho na varanda.

Postura profissional do cuidador de idosos

O respeito ao idoso também passa por melhorar posturas que geram queixas comuns, como por exemplo:

  • A cuidadora que usa demais o celular“: sugerimos a leitura de nosso artigo sobre o tema
  • A cuidadora prepara a alimentação do idoso e se recusa a cuidar da louça suja durante os preparos”: é importante conhecer as atribuições do cuidador
  • A cuidadora dá banho no idoso e se recusa a limpar e secar o banheiro após concluir a atividade”: conheça mais sobre as funções do cuidador domiciliar

Vamos detalhes estes e outros pontos.

Espaço do cuidador

O espaço do cuidador na residência do idoso, incluindo não apenas seu espaço físico para descanso e banho (quando for o caso), mas seu espaço para falar, circular, expressar-se, devem ser ocupados oportunamente.

Cuidador: saiba onde circular na casa

O profissional deve atentar-se em circular apenas em ambientes da residência onde esteja previamente autorizado. Entrar sem autorização ou sem ser anunciado (como sem bater na porta ou pedir licença) não é adequado nem polido.

Cuidador: antes de abrir a geladeira pergunte o que pode ser consumido 

Algo comumente ouvido das famílias, com relação aos profissionais, é “A cuidadora não está satisfeita com a alimentação oferecida pela família”.

É importante citar que não há obrigação, exceto por acordos sindicais locais em poucos municípios do Brasil, de se fornecer comida aos cuidadores de idosos (confira aqui se é seu caso).

Obviamente, nenhum cuidador vai oferecer alimentos aos idosos assistidos enquanto tem fome, e por este motivo é praxe que quando o idoso se alimente, o cuidador se alimente também.

Mas é essencial ao profissional, na hora da refeição, saber o que pode ser consumido. Podem haver alimentos reservados aos familiares, por exemplo, por questões de dietas.]

Ainda, se o hábito alimentar da família não agrada ao cuidador, é sinal de respeito ao idoso agradecer a oferta mas informar que prefere trazer suas refeições, nunca exigindo que estas seja pagas em dinheiro.

A casa do idoso é o espaço de trabalho do cuidador

A profissional deve respeitar os costumes do idoso, sem tentar impor ou escancarar seus próprios costumes. Vejamos casos em que isto falha.

Cuidador muito agitado

Falta de tranquilidade do cuidador é um ponto que pode evoluir rapidamente para falta de respeito com o idoso. Mesmo famílias que prefiram profissionais mais enérgicos, irão preferir que estes saibam dosar esta energia nos momentos adequados.

Uma fala num tom de voz inadequado, uma frase rápida que exclua o idoso da conversa, tudo isso deve ser observado pelo cuidador. O profissional deve transmitir tranquilidade e segurança à família: pessoas agitadas transmitem, em geral, insegurança e ansiedade.

O cuidador deve ser discreto

Manter a discrição sobre sua vida pessoal nunca é demais. Vejamos como isto não acontece no dia a dia.

Espaço de fala do cuidador

Contar histórias de sua vida particular, de outras famílias que o cuidador porventura atenda, trazer problemas familiares ou financeiros não é postura adequada para nenhum profissional em ambiente doméstico.

Tal discrição deve manter-se com outros funcionários da casa, principalmente com empregados domésticos, evitando assim conversas paralelas (lembre-se dos avisos nos ônibus: fale com o motorista somente o necessário).

O respeito ao idoso deve incluir a privacidade. Neste ponto cito mais que a não exposição da vida pessoal do idoso a terceiros, mas também de não expô-lo a informações e notícias capazes de baixar seu estado de espírito, como notícias mórbidas diariamente propagadas por telejornais, redes sociais ou na internet geral. 

Cuidador não deve trazer problemas pessoais ou de fora para a casa do idoso

É importante lembrar que o cuidador também tem o papel de prestar apoio emocional, mas para que isso ocorra é necessário ter controle sobre seus problemas. 

O cuidador deve “enxugar o emocional” como sinal de respeito ao idoso antes de apresentar-se para as atividades de vida diária.

Cuidador não deve contar histórias de outras casas

Um exemplo típico é o de profissionais que trazem relatos de outros idosos assistidos. 

Cuidadora J.E.: “Quando eu cuidava do paciente José, ele levantou sozinho da cama e caiu, por isso foi hospitalizado e acabou falecendo, por isso o senhor não deve se levantar…

Histórias como essa, além de não ajudar a prevenir acidentes, podem aterrorizar os assistidos com menor equilíbrio emocional. E lembre-se: o portador na notícia ruim costuma ser visto tão mal quanto a própria notícia.

Trabalho em equipe do cuidador

Mais uma situação que atenda contra o respeito ao idoso é quando a cuidadora não consegue trabalhar em equipe com outros colaboradores (sejam cuidadores, empregados domésticos, outros profissionais de saúde como técnicos e enfermeiros de Home Care).

Numa residência, todos devem trabalhar em prol da família. Qualquer pessoa que preste um bom atendimento individualmente, mas desagregue coletivamente, trará dúvidas sobre a eficácia de seus serviços, e portanto sobre a necessidade de sua contratação.

Todo prestador traz os benefícios do que resolve, mas também traz malefícios (como seu custo e o fato de ser uma presença estranha na residência). Pense: se os benefícios forem muito próximos aos malefícios, por que motivo o contratante (cliente) deveria manter o prestador na casa?

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Zelo com as coisas do idoso

Mais uma reclamação que sinaliza falta de respeito ao idoso é sobre “a cuidadora ter pouco ou nenhum zelo pelas coisas“. Acertar a cadeira de rodas no portal, quebrar o termômetro ou desperdiçar recursos diz muito sobre a pessoa do cuidador.

É importante lembrar ainda que, embora o cuidador não seja responsável pelas finanças do idoso, se estas não estiverem equilibradas, dificilmente haverá condições de contratação. Ou seja, a falta de zelo pode literalmente acabar com o emprego do cuidador mesmo quando a família deseja o contrário.

Deve-se evitar a infantilização do idoso

É absolutamente inadequado, assim como não é sinal de respeito ao idoso, forçar atividades e brincadeiras que não sejam de seu interesse.

Da mesma forma, o tratamento pessoal deve ser respeitoso e aceito pelo idoso. Nada de palavras pejorativas como “Querida” ou “Linda”; diminutivos como “Florzinha” ou “Vovozinha”; apelidos como “Seu Zé da farmácia”.

Trate o idoso como você (cuidador) gostaria de ser tratado, sempre de acordo com seus gostos.

Como uma cuidadora de idosos deve se vestir?

É sinal de respeito ao idoso vestir-se adequadamente em sua presença. Nada de roupas decotadas, insinuantes, roupas de dormir curtas, assim como deve-se observar se as roupas prestam-se bem ao ambiente: chinelos de dedo são bons para dar banho, mas para passear com o idoso na rua podem causar acidentes.

A presença do cuidador, em função de sua aparência, também não deve constranger o idoso. Profissional: vista-se bem, mantenha as unhas cortadas e os cabelos adequadamente tratados (preferencialmente presos).

10 dicas de ouro para o cuidador de idosos

O objetivo desta postagem foi expor situações que comumente geram conflitos na relação do cuidador com a família e com a própria pessoa assistida.

A ideia não é esgotar o assunto, pelo contrário, mas enriquecer a temática para que familiares e cuidadores possam discutir e se alinhar nas questões que geram mais conflitos cotidianamente.

Recomendamos conhecimento dos 10 mandamentos do cuidador, diretrizes fundamentais para a satisfação da famílias e para o cuidador alcançar estabilidade no emprego e segurança profissional.

Pedimos aos leitores que compartilhem suas experiências, pedidos e sugestões abaixo para que possamos trazer mais a este texto no futuro.]

E lembre-se: respeito ao idoso é respeito à memória do país e de cada um de seus habitantes.