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Saiba mais sobre a imunidade do idoso com a doutora Cristiane Hottz (geriatra). Acompanhe também dicas de nutricionistas para uma boa alimentação na terceira idade, e entenda se uma nutrição adequada é capaz de melhorar a imunidade dos maiores de 60 anos e outros grupos vulneráveis em tempos de Coronavírus (Covid-19).
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Hábitos saudáveis e uma boa alimentação são capazes de fortalecer o sistema imunológico humano.
Em reportagem recente do jornal Correio Braziliense, o jornal trouxe uma série de especialistas para comentar a pandemia. Chamou atenção o texto do nutricionista Samuel Barros, transcrito a seguir.
Os vírus são oportunistas e possuem vantagens quando o sistema imune do hospedeiro está em desequilíbrio. Para evitar estar mais suscetível a vírus e bactérias patogênicas, precisamos fortalecer nossa barreira imunológica, e uma maneira eficiente de fazer isso é tendo cuidados com a alimentação. A hidratação é uma das maneiras mais simples, baratas e efetivas que temos de contribuir para nossa saúde corporal. Outra dica para auxiliar a reforçar o sistema imune é incluir frutas e vegetais no cardápio. Esses, por sua vez, são ricos em vitaminas, minerais e compostos bioativos que podem auxiliar no combate aos vírus e bactérias indesejadas. Além disso, temperos como açafrão, pimenta preta, curry, cravo, canela, páprica e cominho auxiliam na saúde dos intestinos, que por sua vez, é um dos grandes controladores da imunidade humana. Sempre que possível, adicionem nas refeições.
Samuel Barros, nutricionista — Especialista em nutrição funcional
Como já comentado diversas vezes no Blogdocuidado, um dos pontos mais importantes (muitas vezes negligenciado) no acompanhamento multidisciplinar do idoso é a nutrição. As pessoas se preocupam demais com o sal e o açúcar na alimentação dos idosos (que são, de fato, relevantes) mas acabam por se esquecer dos micronutrientes.
No dia a dia da Acvida, nossos profissionais tem a oportunidade de observar que, não por coincidência, os idosos em melhores condições de saúde são acompanhados constantemente por profissionais nutricionistas.
Neste sentido, compartilhamos as pertinentes recomendações do médico imunologista Eduardo Tosta, professor da Universidade de Brasília, sobre como melhorar a imunidade em tempos de pandemia. Clique aqui para baixar.
Na mesma direção, a nutricionista Michelle Bezerra (@michele_bezerranutri) postou em suas redes sociais duas receitas rápidas para melhorar a imunidade, que compartilhamos abaixo, sempre com a ressalva de consultar seu médico ou nutricionista antes do consumo caso possua alguma condição de saúde particular.
Comentários da Dra. Michelle sobre os ingredientes.
O gengibre combate vários sintomas da gripe e aumentam as defesas do organismo pela grande quantidade de vitamina C e vitamina B6.
O limão é uma ótima opção para quem está com a imunidade baixa ou mesmo para suprir a necessidade da vitamina C no dia a dia. Um limão já é capaz de fornecer a quantidade diária recomendada desta vitamina. É anti-inflamatório, antioxidante, alcaliza o organismo e ajuda na desintoxicação.
O açafrão (cúrcuma) exerce também um papel importante na proteção e desintoxicação do fígado, retirando as substâncias químicas tóxicas, aumentando a imunidade e protegendo o organismo dos efeitos de muitos poluentes do dia a dia.Michelle Bezerra, nutricionista
O própolis é uma mistura de pólen, cera e resina vegetais criada pelas abelhas, com o intuito de vedar e proteger as colmeias de fungos, insetos e bactérias. Essa substância é usada no extrato de própolis, pois atua de forma semelhante no organismo, agindo nas defesas de forma anti-inflamatória, antioxidante, antibacteriana, antifúngica, cicatrizante e melhorando o sistema imunológico. O extrato de própolis é rico em proteínas, aminoácidos, vitaminas e flavonoides, tornando-se um antibiótico natural.
O nutricionista Daniel Novais reforça o papel das frutas cítricas como laranja, limão, mexerica e pitanga, além de legumes, como cenoura e tomate, e os peixes, pois são ricos em nutrientes que ajudam na formação das células do sistema imunológico.
De uma maneira geral, a imunidade é fortalecida ao se fazer uma dieta balanceada, comendo pelo menos três frutas por dia, incluindo legumes e verduras no almoço e no jantar, e comendo peixe pelo menos três vezes por semana
Já a nutricionista do Oba Hortifruti, Renata Guirau, reforça a necessidade do consumo de proteínas e probióticos.
Para obter proteína suficiente, devemos consumir feijões, laticínios, ovos e carnes. Eles ajudam na produção saudável de células imunológicas. Os iogurtes naturais, Kefir e Kombucha, são ótimas opções para ajudar na flora intestinal, o que reforça a imunidade.
A ingestão de muita água ao longo do dia, concordam os especialistas, e o controle do estresse são fundamentais para o bom funcionamento do sistema imunológico.
A Dra. Cristiane da Fonseca Hottz, médica especialista em clínica médica e geriatria, membro titulado da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), responde a seguir as perguntas enviadas por nossos leitores sobre a imunidade do idoso.
Um sistema imunológico debilitado pode apressar o envelhecimento de um adulto saudável?
Dra. Cristiane: O sistema imunológico (ou de defesa) não trabalha sozinho, ele interage com o sistema endócrino, neurológico, cardiovascular e até digestivo.
Devido a isso, adultos jovens com o sistema imunológico comprometido podem apresentar mais cedo problemas comuns do envelhecimento que vão além das infecções como infarto cardíaco, acidente vascular encefálico, baixa massa muscular, problemas de memória e até câncer.
Quais as principais diferenças observadas ao longo da vida, acerca do sistema imunológico, entre um adulto saudável, um idoso com mais de 60 anos e aqueles com mais de 80 anos?
Dra. Cristiane: Chamamos de imunossenescência o efeito cumulativo do envelhecimento na função imunológica e ele é maior quanto mais velho o indivíduo. Essa alteração compromete a resposta de defesa contra patógenos (como vírus e bactérias) e contra células defeituosas que geram o câncer, também podem provocar um “estado inflamatório” crônico que diminuem a expectativa de vida.
Em geral, pessoas com mais de 80 anos tem o sistema imunológico mais comprometidos do que aos 60, mas isso varia muito entre os indivíduos. Hábitos de vida saudáveis e tratamento adequado de outras doenças podem permitir que a pessoa envelheça mantendo o bom funcionamento do sistema de defesa e menor risco de complicações e internações.
Porque idosos, em geral, estão em grupos de risco para diversas doenças, como no caso do Coronavírus (Covid-19)?
Dra. Cristiane: Os idosos são grupo de risco por fatores inerentes ao envelhecimento como o atraso e a atenuação da resposta de defesa contra novos patógenos (vírus, bactérias e fungos), a redução das reservas orgânicas pelo desgaste ao longo dos anos e características do vírus que atinge diversos órgãos e sistemas.
Quando o corpo não consegue combater de forma eficiente o Coronavírus, ele entra em insuficiências com a respiratória, cardíaca, renal, neurológica e da coagulação. Acreditamos serem esses os principais fatores que causam proporcionalmente mais formas graves de infecção pelo Covid-19 no idoso.
Idosos com Alzheimer ou outros tipos de demência tem alterações significativas no sistema imunológico?
Dra. Cristiane: Os estudos indicam que alterações imunológicas e inflamatórias estão relacionadas à doença de Alzheimer e outras demências, mais relacionadas com a causa e não uma consequência. São indivíduos que ao longo do envelhecimento apresentam mais complicações infeciosas do que idosos sem essa patologia.
Embora as pessoas possam reagir de formas diferentes, alguns sintomas pode ajudar a identificar um quadro de imunidade baixa.
Na dúvida, procure um especialista. Uma consulta aos novos aplicativos sobre o Coronavírus do Ministério da Saúde também pode oferecer informação específica para a Covid-19. Estão disponíveis para Android e iOS.
Quais são os principais sintomas da baixa imunidade especificamente em idosos?
Dra. Cristiane: A queda da imunidade se manifesta com infecções recorrentes principalmente de vias respiratórias, urina e pele, Herpes Zoster e Herpes simplex. O surgimento de câncer também está associado a baixa imunidade, pois o nosso sistema de defesa destrói as células defeituosas que podem se tornam um câncer.
Existem orientações gerais que cuidadores e familiares podem seguir para cuidar da imunidade do idoso?
Dra. Cristiane: O cuidado com a imunidade passa pelo cuidado com todo o corpo, que inclui o hábito alimentar regular com horários estabelecidos, dieta variada utilizando alimentos frescos e preparados em casa, evitar o consumo de cigarros, bebidas alcoólicas e alimentos industrializados, manter-se bem hidratado.
Além disso o sono de qualidade, a prática de exercícios regulares, cultivar boas relações com seus pares são medidas para o envelhecimento bem-sucedido.
Não recomento o uso de suplementos ou vitaminas sem avaliação prévia por médico ou nutricionista, ela é prescrita de acordo com a condição do corpo, doenças que apresenta e hábitos. O corpo saudável e uma vida plena não são encontrados dentro de pílulas.
Como problemas como pneumonia aspirativa (por broncoaspiração), infecção urinária ou diarreia, quando recorrentes, podem prejudicar a imunidade do idoso?
Dra. Cristiane: A pneumonia aspirativa causa uma inflamação crônica nos pulmões que danificam as paredes dos brônquios e alvéolos (tecido pulmonar) reduzindo a sua capacidade de combater vírus, bactérias e fungos.
A infecção urinária de repetição nos leva ao uso constante de antibióticos e seleção de germes multirresistentes que, com o tempo, esgota a possibilidade de tratamento.
A diarreia ou até constipação crônica altera a microbiota (flora) intestinal, as bactérias que nos auxiliam na digestão morrem e são substituídas por outras que causam inflamação e até doenças em outros órgãos.
Então, os indivíduos com infecções recorrentes estão sujeitos a mais infecções e suas complicações e tem menor qualidade e expectativa de vida.
Um baixo consumo de água está relacionado a vários problemas na terceira idade. Poderia citar as consequências relacionadas ao sistema imunológico?
Dra. Cristiane: O baixo consumo de água propicia a um maior risco de infecção, princialmente urinária, alterações neurológicas como sonolência ou desorientação, maior risco de internações.
A desidratação piora as dores osteoarticulares (as populares dores nas juntas), porque precisamos de água para produzir o líquido sinovial, líquido que “lubrifica” as articulações. E quando estamos bem hidratados a pele fica mais bonita, outra boa razão para estar sempre bebendo água.
Podemos nos hidratar também com chás (sem açúcar e sem cafeína) e com água saborizada (ou flavorizada) com frutas e/ou folhas aromáticas.
Há alimentos que podem ajudar o sistema imunológico do idoso? Há aqueles que podem prejudicar?
Dra. Cristiane: Para o sistema imunológico funcionar bem ele precisa de todas as vitaminas e minerais que só conseguimos através do consumo de alimentos variados.
Isso inclui cereais como arroz, milho e trigo (preferencialmente os integrais), grãos como feijão, grão-de-bico, ervilha e soja, legumes, hortaliças, frutas, castanhas além do ovo e das carnes com moderação.
O hábito tradicional do brasileiro de almoçar e jantar arroz, feijão, legumes com carne ou ovo é essencial para saúde.
(Fonte da lista acima: portal Minha Vida)
Dietas com grandes restrições calóricas também devem ser evitadas em momentos como este (de pandemia).
Estes alimentos e hábitos prejudicam a capacidade do corpo de se defender, por isso precisam ser consumidos com moderação ou mesmo evitados.
(Fonte das orientações acima: nutricionista Renata Guirau)
Há famílias que relatam melhoras significativas na condição geral do idoso simplesmente quando passam a seguir as prescrições de um nutricionista (dietoterapia). Poderia citar os ganhos de uma alimentação mais equilibrada para a terceira idade, em particular para idosos debilitados e com demências?
Dra. Cristiane: Os idosos mais frágeis se beneficiam muito das orientações de nutricionistas, fonoaudiólogos e odontólogas especialistas em gerontologia. São avaliados o estado de saúde bucal, orientada a higiene correta, o posicionamento do paciente e arrumação do ambiente da dieta, a consistência do alimento, o volume.
Se indicado, serão prescritos suplementos alimentares que melhoram o estado de saúde.
Há tratamentos específicos que podem aumentar a imunidade do idoso? Quando dão indicados?
Dra. Cristiane: Utilizamos, com boa evidência científica, as vacinas para os idosos que são formuladas para estimular o sistema imunológico dessa faixa etária, seja com maior número de vírus como a vacina contra Herpes zoster, ou conjugada a uma proteína como as Pneumocócicas (VPC13 e VPP23).
Outras medicações com fragmentos de bactérias, dentre outras, não possuem forte evidência científica e não estão indicadas para toda população de idosos, então serão usadas de forma individualizada quando médico julgar apropriado.
Conheças as recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) para 2020/2021. Clique aqui para baixar.
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Tem gente que não presta muita atenção à alimentação, preferindo comprar comprimidos (vitaminas industrializadas) para compensar. Especialistas destacam que não adianta passar na farmácia e levantar um estoque de vitaminas, esperando se tornar imune ao Coronavírus e a outras doenças da noite para o dia.
O corpo leva tempo para reagir, e cada organismo reage de maneira própria. Também é necessário cautela pois, vitaminas em doses altas, de uma forma que dificilmente seriam encontradas em alimentos naturais, podem causar intoxicação. Mais uma vez, vale a dica da parcimônia (consumo moderado) e procurar as orientações de um especialista.
O corpo saudável e uma vida plena não são encontrados dentro de pílulas.
Dra. Cristiane da Fonseca Hottz, geriatra
O maior responsável por nossa própria segurança somos: nós mesmos. E para a segurança daqueles incapazes de realizar o autocuidado, como crianças e idosos, são seus cuidadores (profissionais ou não).
Por isso, nunca é demais reforçar que se lave bem as mãos antes de manusear alimentos, evite deixar alimentos preparados expostos além do necessário (com vasilhames abertos sobre pias ou mesas), evite falar e tossir sobre as preparações.
Sempre que possível, evite locais onde os alimentos ficam próximos à fluxos constantes de pessoas, como em bufês de restaurantes self-service.
Para mais detalhes sobre a segurança alimentar de idosos assistidos por cuidadores, leia o artigo (clique aqui).
2 Comments
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Prezado Carlos, as orientações desta postagem são feitas em caráter geral e não devem ser utilizadas para substituição de refeições, em especial no caso de idosos com limitações de saúde. Em seu caso, sugerimos que procure um nutricionista para uma prescrição particular.