TOC na terceira idade: saiba mais sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo e como afeta idosos, familiares e cuidadores

Falar de TOC na terceira idade pode gerar confusão: afinal, a pessoa tem manias inofensivas ou um transtorno mental grave? É importante compreender as diferenças e reconhecer quando a condição psiquiátrica se torna um problema.

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Casos reais de TOC na terceira idade

Dona Carla escova os dentes tantas vezes por dia, há anos, com tanta força, que precisou passar por uma cirurgia para corrigir a retração das gengivas causadas pelos repetidos e exagerados procedimentos.

O senhor João checa se o trinco da porta da casa está fechado por mais de uma hora, todas as noites, para ter certeza que está trancada antes de dormir. Os vizinhos ficam loucos!

A senhora Maria passa horas, diariamente, entre idas e voltas pela sala de casa até certificar-se que seu trajeto não a fez pisar em nenhum rejunte no piso. Somente após isso se permite dormir, mesmo que de madrugada.

Estes são nomes fictícios mas que exemplificam situações reais. Comum a todos os casos: familiares, cuidadores e por vezes os próprios idosos admitem que o problema diminui sua qualidade de vida. Saiba mais sobre o TOC na terceira idade.

O que é TOC?

A condição conhecida como Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma doença psiquiátrica grave, crônica e duradoura, conforme definição da Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que cerca de 8 milhões de brasileiros sofrem com a doença.

As obsessões podem incluir pensamentos circulares, imagens recorrentes e persistentes, realização repetitiva de tarefas desnecessárias ou já concluídas (compulsões em resposta à obsessão), dentre outras situações que podem parecer inofensivas e até engraçadas a um leigo, mas que denotam uma condição de saúde mental preocupante. 

As pessoas acometidas, em geral, prendem-se às regras que se submetem rigidamente e que fazem pouco ou nenhum sentido aos demais, e que podem limitar severamente sua qualidade de vida e convivência social.

“O TOC me desconcentra, bagunça minhas relações e faz com que eu fique viciada em tópicos específicos. Me sinto um disco quebrado, com um fantasma que não me deixa viver o presente.

Joana (nome fictício)

Diagnóstico do TOC

O diagnóstico de TOC na terceira idade é dado com base na avaliação de um médico psiquiatra na identificação das compulsões, obsessões ou ambas.

Destaque-se que as obsessões devem atender no mínimo a alguns dos quesitos (ou afins): 

  • Não querer tocar em objetos que outros tocaram;
  • Ansiedade quando alguns objetos ou itens não são colocados da maneira (considerada) certa;
  • Perguntas repetitivas sobre determinado assunto;
  • Pensamentos repetitivos de fazer coisas que a pessoa não deseja fazer;

Já os sintomas de compulsão incluem: 

  • Lavagem excessiva de mãos mesmo que as mesmas já estejam limpa, eventualmente até sangrar a pele;
  • Organização de objetos e itens de forma meticulosa e desnecessariamente precisa;
  • Verificar de forma repetitiva portas, fogões e outras coisas para garantir que as mesmas estejam desligadas ou fechadas;
  • Repetir ou contar frases silenciosa e involuntariamente (mesmo quando se luta contra isso);

O que leva uma pessoa a ter TOC na terceira idade?

Na realidade, o TOC na terceira idade pode ser confundido com outras condições pelo fato dos idosos modificarem comportamentos e hábitos antigos. Alguns quadros de demência podem se iniciar sugerindo a existência de TOC.

Como a senescência (o envelhecimento natural do corpo) acaba limitando o idoso em muitas atividades, é natural que este limite seu dia a dia às atividades em que ainda se sente capaz de desenvolver. O fato do idoso repetir-se com alguma frequência não caracteriza, por si, o TOC.

Qual é o idoso que não tem manias?

A verdade é que todos possuem as suas. Quando o idoso depende de um familiar ou cuidador para suas atividades de vida diária, contudo, estas podem tomar uma proporção que incomoda aos demais; isto, mais uma vez, não fecha um diagnóstico de TOC na terceira idade, tampouco obriga o idoso a receber tratamento compulsório.

Reforce-se que não é o simples hábito repetitivo que caracteriza o TOC, mas estes associados às limitações na qualidade de vida que as obsessões e compulsões trazem. Embora a opinião das pessoas próximas ajude a fechar um diagnóstico de TOC na terceira idade, não é condição suficiente.

Quando o TOC ataca?

Esta é uma dúvida comum de muitos leitores e pode ser difícil de responder. Fatores psicológicos e psiquiátricos, como ansiedade e depressão, certamente são relevantes. Cuidar da saúde mental é essencial na luta contra o TOC na terceira idade (e em qualquer idade).

Qual a diferença entre TOC e esquizofrenia?

A esquizofrenia é um transtorno mental muito caracterizado pela perda de contato do individuo com a realidade (psicose), além da pessoa sofrer com alucinações e delírios, dentre outros sintomas. Provavelmente é causada por fatores hereditários e ambientais.

Já o TOC acaba sendo um transtorno mental, como explicado, caracterizado por compulsões, obsessões ou ambas. O TOC, apesar de menos grave, pode manter o paciente preso à condições que degradam sua qualidade de vida sem, porém, descolá-lo do mundo que o cerca.


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