Jovem e idoso: saiba mais sobre essa mistura de gerações

A troca de experiências entre jovem e idoso pode ser algo não apenas rico, mas positivo para a saúde. O artigo de hoje é sobre uma empresa que estimula o contato de diferentes gerações de formas produtivas e criativas.

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Nossa entrevistada é Viviane Palladino, especialista na interação entre jovem e idoso, uma das fundadoras da Mais Vívida.

Como jovem e idoso podem interagir?

Acvida: O que é a Mais Vívida?

Viviane: A Mais Vívida surge como proposta de socialização e novos aprendizados para as pessoas acima de 65 anos. Fazemos isso conectando estas pessoas com jovens que buscam trabalho com propósito. 

Não se trata de voluntariado, é trabalho remunerado e uma experiência de trabalho para estes jovens, além da oportunidade de desenvolvimento de soft skills (habilidades) para ambos.

Enquanto o vivido (idoso) aprende e cria vínculo com este jovem, este último desenvolve paciência, atenção e respeito ao ritmo do outro, além de um novo olhar em relação à diversidade geracional.

Jovens cuidadores

Acvida: Apenas para esclarecer aos nossos leitores, não estamos falando de jovens cuidadores de idosos dependentes, incapazes de realizar o autocuidado, correto?

Viviane: Não. O trabalho do cuidador zela pela base da pirâmide de Maslow, ou seja, as funções vitais e básicas de saúde (cuidados paliativos para a manutenção das atividades de vida diárias).

O que notamos é um crescimento no número de cuidadores no Brasil, mas poucas pessoas olhando pelas necessidades emocionais e intelectuais do idoso. É aí que entramos. Eu diria que a interação jovem e idoso é complementar ao trabalho do cuidador.

Acvida: Qual o perfil dos clientes da Mais Vívida? Qual o perfil dos jovens que os atendem?

Viviane: Os clientes da Mais Vívida tem em média entre 65 e 79 anos. São idosos ativos e que não param de aprender. Eles buscam uma forma de se manter conectados a amigos e família e também atualizados com relação às novas tecnologias.

Já os jovens sentem falta dos avós ou não tiveram avós vivos, e querem saber como é esta experiência.

Em geral, estudantes universitários ou em seu primeiro emprego, estão buscando um trabalho social, que não seja voluntariado. Durante a troca com o idoso, também aprendem a respeitar o tempo do outro, trabalham a empatia e desenvolvem soft skills como a paciência e a escuta, além de exercitar um olhar para diversidade etária.


Acvida: Para que tipos de atividades os jovens são mais requisitados?

Viviane: Tecnologia é a atividade campeã (uso de celulares, redes sociais e afins).

Relação entre o jovem e idoso

Acvida: Pode nos falar de casos de sucesso onde um jovem mudou a vida de um idoso, e vice-versa?  

Viviane: Temos alguns casos. Poderia citar o caso da Sra. Frida, polonesa, que imigrou para o Brasil durante o pós-guerra. Viúva há cerca de 2 anos, não tinha mais vontade de sair de casa.

O filho contratou a Mais Vívida para estar com ela uma vez por semana. Depois de alguns atendimentos, ela me procurou e perguntou o que mais a gente fazia, pois ela queria conhecer novas pessoas, sair, passear.

Quando contei para a família, ficaram impressionados com a mudança de humor e disposição dela.

Entre os anjos, temos muitos depoimentos lindos.

“Parecia, no início, que ia ser impossível. Mas eu e a Simone conseguimos lentamente ir trabalhando, mesmo eu não estando junto com ela (em função da pandemia). Como a tecnologia… está sendo essencial para todos, (que) não é uma coisa só da nossa geração, os mais velhos podem sim aprender e… aproveitar essas ferramentas”

Isabel Lee que atendeu a Simone remotamente durante a pandemia.

“Quando eu comecei… tinha muito medo de não corresponder às expectativas dela. Mas foi uma experiência que deu certo. E aquele gelo que tinha antes, de ser só uma aula, hoje não tem mais. Tem uma preocupação e carinho da parte dela, quando ela pergunta como está minha mãe e meu cachorro, é algo que deixa o nosso coração quentinho. Ficou uma coisa muito afetiva para mim, eu fico tão feliz quanto ela nos nossos encontros, com as nossas risadas… a gente trocando conhecimento… ela me ensina muito sobre o Brasil, sobre política, sobre ideologia, ela tem uma visão extraordinária! É um impacto muito maior para mim do que para ela”

Jéssika, que atende a Sra Irles no Rio de Janeiro.

Benefício da interação do jovem com o idoso

Acvida: Quais os benefícios da interação entre jovem e idoso?

Viviane: Na troca ambos ganham com a quebra de preconceitos sobre as diferentes gerações. Para o idoso também, aquele momento é um evento social na vida dele, alegre e revigorante.

Diferente da rotina focada em remédios, médico e tratamentos (de saúde), nossos jovens contaminam seus corações com alegria e sentem também um carinho recíproco.

Acvida: Idosos dependentes de cuidadores também podem se beneficiar da presença de um jovem recrutado pela Mais Vívida a seu lado?

Viviane: Podem sim. Eles oferecem uma interação diferente da que o cuidador provê, podendo manter a mente desta pessoa mais ativa e ajudando-o a se conectar com a família e amigos através das redes sociais, por exemplo.

Ou conhecer novas pessoas entrando em grupos e comunidades de assuntos de sua afinidade.

Acvida: Gostaria de deixar algum recado para o jovem e idoso que nos leem?

Viviane: Um não, dois. O primeiro: não duvide da sua capacidade de se manter ativo e aprendendo depois de se aposentar. A imagem de que quando envelhecemos não “servimos” mais é um estereótipo colocados em nossas vidas. Não o aceite!

Você é capaz de fazer sua própria velhice ser uma fase nova de sua vida, com tudo que ela tem direito.

O segundo recado é para que vocês (idosos) apostem em uma nova forma de viver. Se provoquem a tentar coisas novas, incentivem suas famílias a romper padrões. Viva sua idade em sua plenitude, aceite limitações (se as tiver) mas não as trate como uma forma de destruir sua alegria e capacidade de continuar vivendo.

Se precisar de uma mão, estamos aqui.

Telefone: 11 95028-9103
Site: jovem e idoso, conheça a www.maisvivida.com.br
E-mail: contato@maisvivida.com.br