Como preservar a autonomia do idoso

A autonomia do idoso está relacionada à sua capacidade funcional e à qualidade do autocuidado para realizar atividades com independência. Saiba mais no artigo de hoje.

Leia também:

Cuidados com idosos em domicílio: como conciliar as atividades domésticas com as de saúde?

Guia DAE e o eSocial do cuidador de idosos: 3 coisas que podem acontecer se você não pagar suas parcelas

Disfagia em idosos, presbifagia, e as causas da dificuldade de engolir (6 pontos que merecem atenção)

Intestino preguiçoso: o que fazer para ajudar o idoso? Não perca essas 3 dicas essenciais!

O autocuidado está relacionado a autonomia do idoso?

Autocuidado significa cuidar de si. A capacidade para o autocuidado depende da capacidade funcional individual, que se apresenta na habilidade ou dificuldade para executar atividades do cotidiano. Essas atividades são fundamentais para a manutenção de uma rotina de vida diária compatível com nossas necessidades fisiológicas e nossa cultura.

A capacidade para alimentar-se, eliminar as excreções urinárias e intestinais com controle de continência, vestir-se, executar a própria higiene pessoal, locomover-se de forma independente, todas estas atividades respondem às necessidades humanas básicas, também denominadas atividades de vida diária (AVD).

Organizar e limpar a casa, preparar a comida, falar ao telefone, usar transporte coletivo ou dirigir, fazer compras e pagar contas são atividades instrumentais que dão suporte às atividades de vida diária (AIVD).

Qual a diferença entre independência e autonomia do idoso?

A qualidade do autocuidado está relacionada à capacidade funcional e à autonomia. Autonomia, neste contexto, é a capacidade de realizar alguma atividade com independência. Ter habilidade para realizar uma atividade básica não é suficiente para a sua execução.

Autonomia e independência do idoso

Um idoso pode ter a capacidade física e a mobilidade preservadas, mas estar num estágio de demência que não permite que ele reconheça tarefas mais simples. A execução de algumas atividades básicas pode não ser prudente por causa de consequências ou riscos à sua integridade.

Não conseguir caminhar adequadamente por apresentar artrose nos joelhos, uma lesão que cause dor ou uma fratura são exemplos de situações que reduzem a capacidade funcional e a autonomia para tal atividade.

Envelhecimento e a autonomia do idoso

O processo de envelhecimento pode reduzir a capacidade funcional e a autonomia do idoso. Naturalmente, algumas respostas do aparelho sensório-motor vão apresentando déficits com o avançar da idade.

Os prejuízos na visão, audição e locomoção podem dificultar algumas tarefas, mas não necessariamente limitá-las. Tudo dependerá do grau desses prejuízos, dos problemas de saúde associados, da capacidade mental e cognitiva e das ferramentas de suporte para cada caso.

Uma pessoa pode ter capacidade para realizar suas atividades de vida diária mas não ter capacidade para realizar as atividades instrumentais de vida diária. A capacidade para as atividades instrumentais está relacionada à capacidade de uma pessoa para viver e residir com independência, sem precisar do auxílio de terceiros ou familiares.

O processo de dependência, mesmo que parcial, repercute muitas vezes na saúde emocional e na autoestima de quem sofre alguma perda de capacidade para realizar as AVDs. A autoestima é uma avaliação que cada pessoa tem acerca de si próprio e pode ser positiva ou negativa.

Não é incomum que a pessoa dependente se sinta inferiorizada e incapaz diante da necessidade de apoio para atividades pessoais. Além disso, muitos perdem a autonomia sobre a decisão de como e onde viver e até têm de abdicar de hábitos que lhes proporcionavam prazer e bem estar.

O que é a perda de autonomia

A perda da autonomia do idoso mostra-se quando a pessoa assistida já não consegue tomar decisões sozinhas e nem organizar suas coisas sem depender de alguém.

De acordo com o Estatuto do Idoso, sendo o idoso lúcido, deve ser resguardada sua autonomia para ir e vir, fazer suas escolhas e administrar suas finanças, sem qualquer interferência de terceiros.

Esses direitos (relacionados à autonomia) só podem ser cerceados com decisão judicial, embasada em laudos que comprovem alguma incapacidade por parte do idoso para gerenciar sua vida ou parte das suas atividades instrumentais.

A lei defende o idoso em caso de abandono da família, mas também resguarda os direitos de autonomia sobre sua própria vida. Algumas famílias se excedem na proteção ao idoso quando percebem que há necessidade de algum apoio para a condução da rotina diária.

Nem sempre é preciso desestruturar toda a vida do idoso para lhe conferir segurança e trazer tranquilidade aos familiares. Para dimensionar com mais segurança o grau de dependência ou constatar a independência do idoso, é necessária uma avaliação profissional.

Existem escalas para classificar a capacidade funcional dos idosos e apontar quais são exatamente as atividades que precisam de assistência ou supervisão por parte do familiar, cuidador ou profissional de saúde institucional.

Seja qual for o grau de dependência do idoso, ele deve sempre ser estimulado a se autocuidar, mesmo que parcialmente, dentro de suas possibilidades e condições. A participação no autocuidado exercita a autonomia e promove aumento da autoestima do idoso.

Quando o idoso perde a autonomia?

O envelhecimento natural é algo inevitável e, a partir disso, o idoso vai deixando de fazer determinadas atividades do seu dia a dia. O limite de estimulação de sua autonomia passa por entender quanto de sua segurança pessoal pode ser afetada pelo excesso de liberdade.