Você conhece o trabalho do terapeuta ocupacional para melhorar a qualidade de vida do idoso?

Conheça, de fato, o que é desenvolvido na terapia ocupacional para idosos. Entrevistamos a terapeuta ocupacional Giovanna Macedo (@reabilitacaocognitiva) sobre o tema, que apresenta a importância desta ciência para a qualidade de vida da terceira idade. Confira.

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Quem precisa de um terapeuta ocupacional?

Acvida: O terapeuta ocupacional atende pacientes a partir de que idade?

Dra. Giovanna: Do recém nascido ao idoso, o terapeuta ocupacional atende pessoas com diversos tipos de disfunções e necessidades, dentro de suas especialidades.

O que é a terapia ocupacional

Qual a função da terapia ocupacional?

Acvida: Muitas pessoas desconhecem a extensão do trabalho do terapeuta ocupacional. Poderia resumir suas funções? O que esperar, como resultados da terapia ocupacional, com relação à qualidade de vida do idoso? E de pessoas de outras idades?

Dra. Giovanna: Segundo o COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), o terapeuta ocupacional

É um profissional dotado de formação nas Áreas de Saúde e Sociais. Sua intervenção compreende avaliar o cliente, buscando identificar alterações nas suas funções práxicas (cotidianas), considerando sua faixa etária e/ou desenvolvimento, sua formação pessoal, familiar e social.

A base de suas ações compreende abordagens e/ou condutas fundamentadas em critérios avaliativos com eixo referencial pessoal, familiar, coletivo e social, coordenadas de acordo com o processo terapêutico implementado.

O Terapeuta Ocupacional compreende a Atividade Humana como um processo criativo, criador, lúdico, expressivo, evolutivo, produtivo e de auto manutenção, interferindo no cotidiano do usuário comprometido objetivando oferecer-lhe uma melhor qualidade de vida”.

A principal função do terapeuta ocupacional é de proporcionar ao individuo uma independência maior nas atividades de vida diária (alimentação, vestuário, locomoção, higiene pessoal) e atividades instrumentais, como cuidar da vida financeira, viajar sozinho, administrar a medicação e outros.

O profissional também realiza atividades que estimulam as funções cognitivas, como atenção, concentração, memória e linguagem. 

Idoso pode fazer terapia ocupacional?

Acvida: Quando é o momento correto de encaminhar o idoso à terapia ocupacional?

Dra. Giovanna: Não existe momento correto, mas geralmente um paciente idoso chega para atendimento no momento em que suas capacidades cognitivas e funcionais estão comprometidas. O ideal é chegar um idoso saudável, ou no início de um quadro demencial, em que conseguimos manter essas capacidades e propor uma rotina que favorece sua qualidade de vida e uma maior independência funcional. 

Acvida: Que tipo de atividades um terapeuta ocupacional pode desenvolver com os diferentes perfis de idosos, por exemplo, indivíduos fisicamente dependentes ou indivíduos com demências?

Dra. Giovanna: No primeiro momento o terapeuta ocupacional realiza uma avaliação com o idoso e com a família, e a partir dessa cria um plano de trabalho. Desse plano, de acordo com as limitações verificadas, seleciona algumas atividades que favoreçam o desempenho e melhora do paciente.

É importante ressaltar que as atividades tem que ser do interesse do paciente, por exemplo:

  • Atividades em grupo;
  • Atividade de estimulação cognitiva individual através de tablets, jogos e exercícios que trabalham a atenção, concentração, memória e linguagem;
  • Atividades domésticas: incentivar o idoso a desenvolver atividades dentro da sua casa, como fazer biscoito, arrumar o armário, cuidar da horta e outros. Da mesma forma, estimula-se a capacidade de desenvolver as atividades instrumentais como tomar a medicação, resolver problemas financeiros, mexer em computadores e telefones;
  • Adaptação de ambiente como banheiros, quarto, sala, organização de armários dentre outros.   

Idoso com demência

Acvida: No que tange à estimulação cognitiva, o que pode ser aplicado pelo terapeuta ocupacional no atendimento de um idoso lúcido e orientado? E no caso de um idoso com algum grau de demência, como a Doença de Alzheimer?

Dra. Giovanna: Não existe uma receita pronta para escrever o que se pode ser aplicado, deve-se respeitar a individualidade, preferências e capacidade de cada paciente.

Para um idoso lúcido e orientado, em linhas gerais, o terapeuta ocupacional desenvolverá atividades para manutenção de suas funções cognitiva e organização da rotina, de modo a manter sua autonomia. Isso ajuda a evitar a tristeza, perda da autoestima, e aumenta o desejo em realizar suas atividades de vida diária e instrumentais.

Já num idoso com demência, o terapeuta ocupacional, juntamente ao cuidador e aos familiares, será o grande facilitador para o desempenho de uma rotina adaptada e de técnicas para desenvolver as atividades de vida diária. O importante é deixar o idoso interagir no meio familiar e doméstico, dando suporte e condições para executar suas atividades dentro de suas possibilidades. 

Acvida: Quais são as principais dificuldades relativas à terapia ocupacional no atendimento de um idoso com Alzheimer?

Dra. Giovanna: Quando temos um idoso sem ajuste de medicação correta e sem acompanhamento médico, não conseguimos desenvolver as atividades da forma ideal. O paciente não consegue interagir bem devido às alterações no seu comportamento. 

Outro fator que dificulta a evolução do paciente é quando o cuidador, ou familiar, não segue a rotina e as atividades proposta pelo terapeuta ocupacional (TO). 

Acvida: Algumas instituições, como a ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer), tem grupos onde familiares e cuidadores de idosos podem conversar sobre o cuidado, seja desabafando, seja trocando experiências. Qual a importância deste tipo de iniciativa para a saúde mental do idoso e dos envolvidos no cuidado?

Dra. Giovanna: Tenho muito respeito e admiração por todas as instituições e empresas que ajudam no apoio emocional e fornecem orientações a cuidadores e familiares. A fragilidade emocional e o desconhecimento sobre a doença são fatores que desfavorecem o tratamento do paciente, e com esses grupos muitas famílias encontram o apoio e o direcionamento adequado para cuidar do seu idoso adoentado. 

O terapeuta ocupacional ajuda na autonomia do idoso?

Acvida: A diminuição da autonomia física, ao longo da idade, traz limitações. O terapeuta ocupacional pode compensar ou minimizar algumas destas limitações?

Dra. Giovanna: Sim, o TO é o profissional mais capacitado para promover a autonomia do paciente. Para se ter uma melhora da autonomia física, o indivíduo necessita de suas funções motoras, cognitivas, sociais e emocionais preservadas ou direcionadas. Daí entra a presença do terapeuta ocupacional para estimular essas funções, desenvolver a rotina e orientar cuidadores e familiares quando necessário. 

Acvida: No caso do Mal de Alzheimer, há atividades desenvolvidas pelo terapeuta ocupacional que podem retardar ou reverter os sintomas da doença? E no caso do Mal de Parkinson? 

Dra. Giovanna: Quando se inicia o atendimento com um terapeuta ocupacional, principalmente na fase inicial da doença, conseguimos manter as funções cognitivas e a independência de suas atividade de vida diária pelo maior período possível, sabendo que a doença é progressiva e que cada paciente responde de forma diferente.

O importante é o TO ajudar a manter o nível de atividades desse paciente junto com a família e o cuidador,  organizando e criando estratégias para desenvolver a rotina e atividades propostas.

Benefícios da terapia ocupacional

Acvida: Há atividades típicas do terapeuta ocupacional que podem ser adicionadas à rotina dos idosos, em casa, sendo executadas por cuidadores ou familiares? Poderia citar exemplos e os benefícios esperados?

Dra. Giovanna: O terapeuta ocupacional, no primeiro momento, organiza a rotina do paciente, sugere algumas atividade e mudanças de hábitos para melhorar as funções cognitivas, e assim oferecer uma maior independência nas atividades de vida diária e instrumentais.

O cuidador é orientado e treinado a seguir a nova rotina e realizar as atividades sugeridas. Por exemplo: horário de banho, realizar passeios, leitura e discursão, jogos cognitivos, estimular o paciente a realizar suas atividades de vida diária de forma independente, participar das atividades domésticas.

São vários os benefícios esperados com a alteração da rotina, como já citado, dentre as quais destaco a melhora das funções cognitivas, da socialização e o aumento da autoestima. 

Acvida: Gostaria de dar alguma dica ou orientação para os cuidadores de idosos dependentes e suas famílias?

Dra. Giovanna: A melhor dica para cuidar de um paciente com demência é seguir a rotina proposta diária, e principalmente seus desejos antes de ser dependente. Cuidadores e familiares devem estudar a doença de quem acompanham, é a melhor forma de entender as reações do idoso e a progressão do quadro.  

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A terapeuta ocupacional Giovanna Macedo Braga Jucá pode ser encontrada no Centro de Reabilitação Cognitiva (@reabilitaçãocognitiva) ou através do telefone 61 982884589.

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