O geriatra é o médico responsável pelo atendimento geral aos idosos. Quando procurar um geriatra? Será que o idoso só deve procurar um geriatra quando tiver algum problema? O cuidador deve acompanhar o idoso nas consultas? Saiba mais no Blogdocuidado.
O médico geriatra como consultor no processo do envelhecimento
Quem busca por qualidade de vida na terceira idade, sabe muito bem que isso não depende única e exclusivamente da genética. Os nossos hábitos interferem na longevidade e bem estar. Para tanto, o suporte de um bom geriatra pode fazer toda a diferença.
Afinal de contas, ao chegar na fase mais madura de nossas vidas, podemos enfrentar empecilhos que afetam a memória e a autonomia. No entanto, manter a alegria e a disposição é possível. O acompanhamento profissional de um médico especializado se mostra estratégico para o alcance desses objetivos.
Geriatra
Assim como as crianças demandam trabalho do pediatra, é o geriatra quem cuida dos mais idosos, mas não necessariamente senis.
Para que você conheça um pouco mais sobre a visão multidisciplinar da geriatria e sobre “Quando procurar um geriatra?“, nós da Acvida preparamos um conteúdo especial. Fique de olho nos próximos tópicos e tire as suas dúvidas para garantir a tranquilidade na sua aposentadoria ou das pessoas que você ama.
Qual o papel de um médico geriatra?
Em termos gerais, o médico geriatra é formado para compreender todas as mudanças físicas e psíquicas decorrentes do processo natural e inevitável do envelhecimento.
O profissional é capaz de detectar doenças mais comuns da terceira idade, além de preocupar-se com questões psicológicas também. Nesse sentido, podemos dizer que o geriatra trata seus pacientes por uma perspectiva mais completa do que outras especialidades.
Geriatria
Todas as ações da geriatria visam melhor qualidade e quantidade de vida ao paciente. E, quando necessário, o geriatra realiza o encaminhamento para o especialista mais indicado.
Quando procurar um Geriatra? Conselhos de especialistas:
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pessoa é considerada idosa quando passa dos 65 anos de idade. No entanto, em alguns países a transição para os 60 anos já serve como marco de início da terceira idade.
Além das convenções, não podemos esquecer que o envelhecimento é um processo biológico que transcende o aspecto genético e pode ser influenciado por agentes externos e pelo estilo de vida. Nesse sentido, alguns indivíduos estão mais vulneráveis à ação do tempo do que outros.
Assim, a pergunta “Quando procurar um geriatra?” tem mais de uma resposta.
O geriatra Thales Gonçalves, médico da Vitali Senior, corrobora a OMS acrescentando sua experiência profissional.
“A partir dos 50 anos de idade, o benefício em procurar um geriatra é grande, não havendo diferença entre homens e mulheres.“
Thales Gonçalves, médico geriatra
O Dr. Thales lista 3 maneiras diferentes de encaixar um paciente numa consulta geriátrica para que ela seja melhor aproveitada.
Modelo de consulta 1: Check-up para prevenção das doenças comuns do envelhecimento.
“A geriatria não é só para ‘velhinhos’, como muitos pensam. Então, quando procurar um geriatra? Primeiro, deve-se considerar que a geriatria engloba todo o cuidado no processo de envelhecimento. Assim, uma das maiores procuras que tenho no consultório são de pessoas que estão em torno dos 50-70 anos de idade que desejam orientações para uma vida mais saudável na velhice. Nesses casos, a consulta possui o desenho do famoso “Check-Up”, seguindo os padrões internacionais de medicina preventiva.“
Modelo de consulta 2: Outro modelo de consulta bastante procurada é para a reavaliação de medicamentos que podem ser muitos com o envelhecimento, também conhecida como Reavaliação de Polifarmácia (pessoas em uso de mais de 4 medicamentos).
“Com o passar dos anos é comum o uso de mais de 4 medicamentos por uma só pessoa. Essa número, 4, não é mágico, mas serve como uma alerta sobre a interação medicamentosa e o alto potencial de efeitos colaterais.
O geriatra faz a gestão desse cuidado pois tem o treinamento para tratar doenças do envelhecimento, como hipertensão, diabetes, depressão, ansiedade, osteoporose, doenças pulmonares, cardíacas, perda muscular, dentre várias outras.
Muitas vezes, o acompanhamento é em conjunto com outro especialista para proporcionar um melhor cuidado ao paciente, a depender da complexidade da doença que ele enfrenta. Exemplo: Geriatra + Cardiologista, Geriatra + Reumatologista, Geriatra + Ginecologista, Geriatra + Endocrinologista, etc).“
Modelo de consulta 3: Um último modelo de consulta é a atuação do geriatra no cuidado dos idosos com doenças importantes.
Idosos
“Nesse tipo de consulta e demanda, os idosos em geral apresentam perda de memória, com Alzheimer ou qualquer demência; instabilidade postural e histórico de quedas; perda relevante de massa muscular ou fragilidade sistêmica; uso de muitos medicamentos com efeitos colaterais relevantes; imobilidade, seja aqueles que estão diminuindo suas funções (ficam muito sentados ou deitados), até aqueles acamados por completo; distúrbios de Marcha e Equilíbrio, onde o foco é a prevenção de quedas.
Casos de Doença de Parkinson são acompanhados em conjunto com o neurologista, em que o geriatra fica responsável pelo tratamento dos sintomas não motores; e casos de câncer são acompanhados em conjunto com o oncologista, onde o geriatra fica responsável pelos sintomas e pela parte nutricional.“
Confira mais detalhes sobre “Quando procurar um geriatra?” na entrevista que o Dr. Thales concedeu ao Blogdocuidado.
Acvida: Há uma frequência recomendada de visitas ao geriatra em função da idade: 60, 70, 80 e acima?
Dr. Thales: A frequência depende muito das doenças que essa pessoa está em tratamento, e se ela mantém acompanhamento com outros especialistas. Tem paciente de 80 anos que é ativo, ainda trabalha, faz exercícios físicos diariamente, e não faz uso de medicamentos; esse paciente pode com tranquilidade visitar o geriatra com uma frequência anual.
Para um paciente de 60 anos com múltiplas doenças e utilizando muitos medicamentos, por exemplo, as consultas serão benéficas a cada 2-3 meses. A frequência dependente de como a pessoa está em relação a saúde/doença, e não propriamente da idade.
Acvida: Algumas pessoas preferem procurar um médico agindo reativamente, apenas quando percebem algum problema. Qual a importância do acompanhamento constante do idoso? No que difere, principalmente, a conduta do geriatra em relação às demais especialidades médicas?
Dr. Thales: O trabalho médico preventivo é muito importante em todas as idade. Na velhice não é diferente, e é essencial para que as doenças que possam surgir no processo do envelhecimento sejam monitoradas, diagnosticadas e tratadas precocemente.
Existem doenças que aumentam sua prevalência com a idade, como hipertensão arterial, diabetes, sarcopenia (perda de massa muscular), cânceres, etc, e seu controle e tratamento exigem monitoramento adequado ao longo do tempo.
A diferença do geriatra nesse acompanhamento clínico do idoso, em relação a qualquer outra especialidade, está em reconhecer o idoso como um todo, do humor à memória, da alimentação à perda muscular, da fragilização ao contexto social. Outras especialidades, de um modo geral, avaliam “sua especialidade” sem um olhar sistêmico.
Quais os sinais de que é necessário consultar com um geriatra?
Muitas pessoas sentem dificuldade em identificar quais queixas são sinais de que é, de fato, necessário consultar com um médico geriatra. Dentre os sinais com os quais devemos estar atentos, destacam-se:
- Alterações ou perda de memória;
- Dificuldades de realizar atividades básicas do dia a dia;
- Mudanças de comportamento;
- Distúrbios de apetite ou de sono;
- Quedas e acidentes frequentes.
Muitas vezes, o idoso apresenta resistência em considerar que esses sintomas merecem atenção. Por isso, familiares, amigos e cuidadores podem desempenhar um papel estratégico para recomendar o acompanhamento de um médico especializado.
Como proceder ao reconhecer quando procurar um geriatra?
Uma vez tomada a decisão de marcar o encontro com um geriatra, alguns procedimentos são importantes. Um deles é o acompanhamento de um responsável ao consultório, ou mesmo do cuidador do idoso, pois falhas na memória e na cognição (típicas da idade) podem ser prejudiciais ao cumprimento das orientações do médico.
