Reconhecer a existência de problemas psicológicos na terceira idade é fundamental para cuidadores de idosos e familiares de idosos dependentes. Para discutir o tema, entrevistamos a psicóloga Jessica Andrade (@_psicologajessica_) e a equipe multidisciplinar da Acvida Cuidadores.
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Problemas psicológicos em idosos
Os problemas psicológicos na terceira idade, aqueles mais comumente verificados por psicólogos e psiquiatras, incluem a demência, transtorno de humor depressivo, transtornos ansiosos e psicóticos.
(Fonte: Borim, F.S.A.; Barros, M.B.A. & Botega, N.J. 2013. Transtorno mental comum na população idosa: pesquisa de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 29(7):1415-1426).
Confira mais sobre o tema.
Problemas psicológicos na terceira idade
Acvida: Pessoas com histórico de transtornos psíquicos na adolescência ou na idade adulta têm risco aumentado de repetir estes problemas na terceira idade? Como se prevenir?
Dra. Jessica: Os profissionais da área da saúde mental relatam que os transtornos mentais não têm cura, mas sim, tratamento, seja medicamentoso e/ou psicoterápico.
Desde que a pessoa e/ou seus familiares percebam os sinais e sintomas próprios do transtorno, é recomendado procurar ajuda com especialistas como psiquiatras e psicólogos.
Acvida: Existem condições de risco para o desenvolvimento de transtornos psicológicos por parte de familiares e cuidadores de um idoso dependente? Quais seriam e como diminuir sua incidência?
Dra. Jessica: Qualquer pessoa está suscetível a ter algum transtorno mental. Muitos estudos apontam que manter hábitos saudáveis como boa alimentação, a prática de exercícios físicos, fazer regularmente atividades prazerosas (hobbys) como tricotar, pintar, sair para se divertir com amigos, podem contribuir positivamente para a saúde mental.
A incidência de problemas psicológicos na terceira idade é reconhecidamente menor em indivíduos equilibrados.
A autonomia do idoso é afetada pelo psicológico?
Acvida: A diminuição da autonomia física, ao longo da idade, necessariamente vem acompanhada do aumento da dependência psicológica e de problemas psicológicos na terceira idade?
Dra. Jessica: Para responder, vou recorrer aos cadernos de atenção básica do Ministério da Saúde em seu número 19 (Envelhecimento e saúde da pessoa idosa).
“Cada idoso irá depender do seu desempenho físico e social, que na qual está ligado a integridade de suas funções cognitivas. Portanto, a população idosa pode vir a ter alguma dependência psicológico, e principalmente, ter o transtorno de humor depressivo. Estudos estimam que pessoas com mais de 65 anos tem prevalência de depressão entre 4,7% a 36,8% dessa população.“
Autonegligência do idoso
A autonegligência do idoso é um tipo de violência, muitas vezes ocasionada por problemas psicológicos na terceira idade. Saiba mais.
Acvida: Alguns cuidadores, e até familiares, se aproveitam das fragilidades que a idade traz para tirar vantagens do idoso, inclusive vantagens financeiras. Quais situações podem acender um sinal amarelo e servir de alerta aos responsáveis nestes casos?
Sandro Souza, gerente da Acvida Asa Norte: Para responder a esta pergunta é importante identificar os tipos de violência mais comumente verificados, listados em nossa postagem Como evitar e combater a violência contra o idoso, que reproduzo a seguir.
- Violência física: É o tipo mais visível, que inclui maus tratos e/ou abusos físicos como tapas, beliscões, arranhões e empurrões. Também pode ocorrer com o uso de instrumentos como cintos, lâminas e armas brancas ou de fogo.
- Abandono e/ou negligência: É o tipo mais habitual de violência contra o idoso, que inclui omissões e privações de cuidados básicos para sua saúde e bem-estar físico. Entram ainda neste grupo a falta de proteção social e emocional, bem como negligências com higiene, vestuário, alimentação e administração correta de medicamentos.
- Autonegligência: É semelhante ao item anterior, mas com o diferencial de que as negligências acontecem não por intermédio de terceiros, mas por conta do próprio idoso. Normalmente acontece quando a pessoa tem uma conduta que ameaça a própria segurança e não recebe ou se recusa a receber os cuidados necessários. Muitas vezes, ocorre ou se agrava em função de problemas psicológicos na terceira idade.
- Violência psicológica: É o tipo de agressão que inclui qualquer forma de desprezo, preconceito, humilhação, hostilidade verbal e gestual. Além disso, também inclui a restrição de liberdades individuais e isolamento social que pode gerar tristeza, depressão, solidão ou qualquer sofrimento mental e emocional para a pessoa idosa.
- Violência sexual: É a imposição ao idoso para que faça, participe ou presencie atividades sexuais sem o seu consentimento. Isso pode acontecer por decorrência de intimidações físicas ou psicológicas.
- Abuso econômico-financeiro e patrimonial: É o tipo de violência que acontece quando alguém tenta usufruir ilegalmente dos bens da pessoa idosa. Está incluso neste item o uso de recursos financeiros ou do patrimônio sem consentimento.
Quaisquer casos como estes devem ser sinais de alerta, e não podem ser ignorados.
Problemas psicológicos na terceira idade: excesso de zelo
Acvida: Muitas famílias instalam câmeras para acompanhar o cuidado a idoso, mas chegam ao exagero de acompanhar as imagens 24h/dia, numa espécie de “Big Brother familiar”, o que gera estresse não apenas aos familiares, mas, também aos próprios idosos. Quando reconhecer que um recurso útil como o videomonitoramento está sendo utilizado inadequadamente?
Sandro Souza, gerente da Acvida Asa Norte: Vou citar um caso real. Uma idosa trocava o dia pela noite, situação bastante comum com o avançar da idade. Seu neto, muito zeloso, instalou câmeras na residência para acompanhar os cuidados com a avó. Ele trabalhava de dia, e passava noites em claro acompanhando as câmeras. Não demorou a ficar estressado, brigar com outros familiares que se recusavam a fazer o mesmo, e pelo mesmo motivo, quase perdeu o emprego.
Recomendo a leitura do artigo O que é mais importante no cuidado para quem se interessar pelo tema.
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