O que você deve saber sobre a Doença de Alzheimer

Doença de Alzheimer (DA): conheça seus desdobramentos no comportamento e (possibilidades sobre) como evitar. Receba também dicas de livros e filmes sobre Alzheimer. Extremamente relevantes para profissionais de saúde e familiares de idosos.

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Cuidadores de Pessoas com Doença de Alzheimer

A função do cuidador no acompanhamento de pessoas com a Doença de Alzheimer

Segundo a ABRAZ, o quadro inicial da DA muito se assemelha ao envelhecimento natural com o avançar da idade, por isso muitos idosos perdem a oportunidade de preservar algumas habilidades e melhorar a qualidade de vida com a doença. Assim, qualquer sinal deve ser valorizado pela família e informado ao médico para investigação.

Hoje, o diagnóstico da doença é clinico, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas característicos da demência apresentados pelo idoso. A analise do histórico do paciente é muito importantes para o identificação por parte do médico.

O Alzheimer

A expectativa de vida atual é bem superior àquela que predominava no tempo dos nossos avós. Portanto, muitas pessoas podem usufruir das delícias dessa nova fase de vida (terceira idade) realizando os sonhos e executando os projetos acalentados enquanto se amadurece.

Mas essa longevidade também é apontada como uma das causas para o aumento da incidência de doenças mentais em idosos, principalmente o Alzheimer. É que ficamos mais suscetíveis a esse tipo de enfermidade que se manifesta após os 60, 70 anos ou mais.

Muitas vezes, um corpo saudável passa a abrigar uma mente progressivamente doente. É um sinal do nosso tempo, não podemos ignorar essa realidade.

Observando um cenário mundial, constatamos que as doenças mentais têm apresentado números significativos principalmente em decorrência do aumento populacional e da elevação da expectativa de vida.

De acordo com a Alzheimer’s Disease International (ADI), o crescimento da incidência da doença na população idosa praticamente dobra a cada vinte anos. A previsão é que o número de doentes de Alzheimer chegue a 74,7 milhões em 2030 e a 131,5 milhões em 2050.

Esses casos multiplicam-se pelos quatro cantos do mundo, acometendo pessoas longe e perto de nós.

Transmissão genética do Alzheimer

Um dos aspectos relacionados às pessoas que convivem mais estreitamente com familiares idosos, portadores de alguma doença mental é o “vislumbre” de seu próprio envelhecer.

Primeiramente porque essas doenças carregam um fator genético determinante e depois porque nos conscientizamos que mais cedo ou mais tarde, iremos de fato envelhecer, perder nossa autonomia, enfrentar limitações de locomoção, visão, audição, ou ainda, o que é pior, perder a lucidez.

Mas, se por um lado o determinante genético vem como uma realidade, por outro estudos mais holísticos apontam para saídas preventivas nas mais variadas áreas do conhecimento. Ora caem por terra as orientações para exercitar o cérebro, praticar a meditação, continuar ativo físico e mentalmente, ora tudo isso pode “até” ser capaz de “ludibriar” a força dos quatro genes (APOE, PSEN1, PSEN2 e APP) diretamente associados ao risco de desenvolvimento da Doença de Alzheimer – DA.

Ouvimos e presenciamos, cada vez mais, realidades e comentários contraditórios do tipo: “Mas fulano, um estudioso em tal assunto! Ele lia tanto, estudava tanto!”; ou então: “Dona Leandra, a mulher mais velha do mundo, com 127 anos e ainda absolutamente lúcida teve uma vida tranquila, sem muito estudo.”

Sintonizada a esse crescimento e suas peculiaridades, a comunidade científica esforça-se para desenvolver pesquisas e encontrar respostas e meios de assistir a essas pessoas e seus familiares.

Os estudos e as pesquisas sobre a dinâmica cerebral e sua vulnerabilidade, assim como o funcionamento da mente e suas “artimanhas”, tornam-se mais e mais aprofundados e embasados.

Alzheimer tardio e precoce

Descobertas aparecem a cada dia, e tudo indica que está se destacando o caminho da prevenção como a melhor saída.

Já se considera a possibilidade de que mesmo os grupos de risco, determinados por fatores genéticos ou possuidores dos genes da suscetibilidade não estão, indiscutivelmente, predestinados a desenvolver o Alzheimer do tipo “início tardio” (ou seja, após 60 anos).

Esse alvará de soltura não vale para os casos de Alzheimer classificados como de “início precoce” (antes dos 60 anos), como bem representa o filme “Para sempre Alice” (confira o trailer em nosso artigo 14 filmes sobre Alzheimer).

Fala-se também do desenvolvimento de estudos que procuram restringir a expressão dos genes da suscetibilidade logo no início do processo da doença, afastando o Alzheimer antes que se torne irreversível. Há experimentos conclusivos e outros nem tanto, fato tão comum no âmbito científico nesse estágio de descobertas.

Foi convivendo com essa realidade que a escritora Maria Inês Cavendish Schimmelpfeng, que acompanhou a mãe com Alzheimer durante anos, passou a se interessar por questões relacionadas ao assunto.

Inês descobriu um universo tão vasto e interessante sobre o que podemos fazer, conquistar e planejar para os nossos dias futuros que decidiu escrever e compartilhar experiências e informações num livro (E se eu tiver Alzheimer, Editora Chiado, 2016).

e se eu tivesse alzheimer

Reproduzimos um parágrafo do livro a seguir:

“O contexto de vida no qual me vejo envolvida levou-me a pensar no meu próprio envelhecer, compreendendo a premência de registrar minhas vontades, escolhas, necessidades e possíveis carências se um dia vier a ter Alzheimer. Cultivo a convicção interior de que isso não acontecerá comigo, mesmo estando ciente da incontestável probabilidade genética que me coloca no grupo definido como muito suscetível, por apresentar tendências familiares importantes. Mesmo assim, a projeção de vida que faço é de que conseguirei combater essa probabilidade com o empenho do acompanhamento médico criterioso e a força de minhas ações preventivas.”

Maria Inês Cavendish em “E se eu tiver Alzheimer”

Prevenção do Alzheimer

Pesquisas indicam que falar mais de uma língua pode ajudar a prevenir o Alzheimer, acredita?

Reportagem do jornal Correio Braziliense cita que uma equipe canadense constatou qu,e falar mais de uma língua, envolve uma atividade neural que protege o cérebro do Alzheimer e de outras disfunções cognitivas. Detalhes do estudo foram divulgados no Journal of Neurolinguistics. Reproduzimos um trecho da reportagem abaixo.

Liderados por Ana Inés Ansaldo, do Centro de Pesquisas do Instituto Universitário de Geriatria de Montreal, os cientistas compararam o cérebro de idosos bilíngues e o dos que falavam apenas um idioma. O objetivo inicial era entender divergência de estudos anteriores quanto a uma possível melhora cognitiva em pessoas com a habilidade.

“Decidimos olhar para o que o cérebro estava fazendo, e não apenas para o desempenho das tarefas, a fim de observar se essa aparente divergência nos resultados comportamentais poderia ser entendida”

conta ao Correio Ansaldo.

Participaram do experimento dois grupos de idosos — um monolíngue e outro bilíngue —, que tinham a tarefa de se concentrar na informação visual de um objeto, a cor dele, e ignorar a espacial, em que posição estava, enquanto o cérebro era escaneado.

Ao comparar os resultados, os pesquisadores não detectaram diferenças nos tempos de resposta e nas taxas de erro, mas, analisando o funcionamento cerebral dos voluntários, encontraram características distintas.

“Para executar a tarefa, os monolíngues tiveram que recrutar muito mais áreas do cérebro do que os bilíngues. Eles ativaram redes cerebrais complexas, envolvendo regiões de processamento frontal, visual, motor e espacial, enquanto os bilíngues recrutaram um circuito pequeno e altamente especializado. Seu cérebro, portanto, é mais eficiente na hora de resolver o teste”.

detalha a pesquisadora

Segundo os investigadores, a área ativada pelo cérebro do idoso monolíngue aloca um número de regiões ligadas às funções visual e motora e ao controle de interferência (vinculada à tomada de decisões), que estão localizados no lobo frontal. Dessa forma, recruta várias regiões cerebrais para a execução da tarefa. Já os bilíngues alcançam o mesmo resultado sem usar as áreas frontais.

Ansaldo explica que essa simplicidade do mecanismo cerebral dos bilíngues faz bem ao órgão. “O fato de eles não recrutarem áreas frontais é uma vantagem, já que elas são muito vulneráveis ao envelhecimento e também comprometidas em casos de demência.

Isso também pode explicar por que trabalhos anteriores mostram que pessoas que sabem dois idiomas mostram um atraso no aparecimento de sinais de demência em comparação com as  monolíngues”, detalha.

Reportagem do jornal Correio Braziliense

Estimulo cognitivo do idoso

Otávio Nóbrega, diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), diz que o estudo canadense acompanha outras linhas de pesquisa na área. “O estímulo da capacidade cognitiva é tão importante quanto o desenvolvimento e o treino da capacidade física, mas damos menos importância a ele” cita o especislista.

O envelhecimento é reflexo de poupanças que fazemos ao longo da vida. Se você guardar, lá na frente, poderá usar”, destaca o especialista, que não participou do estudo.

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Diagnóstico do Alzheimer

Informações sobre o comportamento do paciente são muito valiosas, mesmo as mais sutis, como dificuldades para realizar atividades do dia a dia (pagar contas, fazer compras) que podem ser sinais bem sugestivos, mesmo quando o idoso ainda preserva sua autonomia para outras atividades diárias como se alimentar, se vestir e se higienizar.

A ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer) esclarece em seu website que alguns exames também ajudam nesse processo, pois permitem excluir outras doenças que podem ser confundidas com a DA.

E as pesquisas estão avançando para a possibilidade do uso de exames mais específicos para ajudar na precisão do diagnóstico precoce que terá impacto positivo no controle na evolução da doença e na qualidade de vida do idoso.