“O que é cuidar de um idoso?” inclui, sem dúvidas, cuidados psicológicos com o idoso, oferecer conforto para além do físico. Assim, confira o que jamais pode ser feito por familiares e cuidadores de uma pessoa dependente.
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ToggleMentir para obter alguma vantagem
Situação comum no dia a dia de famílias com cuidadores: o cuidador pede um adiantamento de salário, alegando problemas pessoais para justificar o pedido. Além de desagradável (já que o empregador tem data mensal certa para fazer tal pagamento), esta conduta pode gerar um outro problema: quebra de confiança.
Imagine que o cuidador tenha feito o pedido afirmando que iria comprar medicamentos para um filho doente, mas pelo Facebook o patrão descobriu que, na verdade, o filho estava bem e ambos (cuidador e filho) passaram o final de semana num torneio de futebol?
A quebra de confiança gerada por uma situação como esta pode ser suficiente para motivar uma demissão (mesmo que sem justa causa legal), pois pode ser difícil confiar a vida de um ente querido dependente a alguém que lhe falte com a verdade.
Tratar o idoso como incapaz
“Um hábito comum dentre familiares e cuidadores é falar do idoso, na sua presença, em terceira pessoa. ‘Ele é surdo’ ouvi de um familiar certa vez, ‘Ela tem Alzheimer’ me disse outra pessoa, ambas na frente dos idosos que deveriam ser cuidados.”
Adriano Machado, fundador da Acvida
Com estes argumentos, qualquer assunto poderia ser tratado na presença da pessoa assistida, como se ela não estivesse entendendo, como se não tem ou não tivesse personalidade.
Mas e se ela (a pessoa assistida) entender? Como irá se sentir? E o respeito que devemos àquele ser humano, que deve ser prestado mesmo que ele/a não tenha condições de cobrar?
Trate a pessoa idosa como gostaria de ser tratado.
Infantilizar o idoso
Adjetivos como “Florzinha”, “Queridinha” e “Meu Bem” não são incomuns quando cuidadores se referem aos idosos assistidos. Acontece que a maioria das pessoas não gosta de ser tratada pejorativamente, e os idosos não são exceção.
Apenas os netos e netas devem chamar seus avós de “vovô” ou “vovó”, nunca o cuidador. Apelidos, então, apenas se o idoso já o tiver antes da presença do cuidador e caso se sinta confortável com este.
Jogos e passatempos também não devem ser insistidos caso não sejam do gosto do idoso. Cuidar de idosos, diferente do que é popularmente dito, não é como cuidar de crianças.
Repassar notícias ruins ou estimular o pânico
O mensageiro pode ser tão mau visto quanto a própria notícia ruim. A velha máxima é verdade também no trato com idosos.
O cuidador deve evitar que notícias ruins (tão comuns na mídia) bombardeiem a pessoa assistida. Não se trata de isolar o idoso da realidade, mas de escolher o que se quer próximo a sua pessoa assistida ou ente querido.
Porque ao invés de dedicar tanto tempo a telejornais (tão carregados hoje em dia), não utilizamos o Youtube para ouvir música clássica gratuita?
Porque ao invés de contar como morreu seu último paciente – por ética profissional, o cuidador não deve nunca comentar de um assistido na frente do outro – o cuidador não fala ao idoso sobre a descoberta de alguma vacina?
Na dúvida, o cuidador deve trazer os tópicos ao conhecimento da empresa (em caso de terceirização) ou aos familiares antes de apresentar ao idoso.
Cuidador de idosos não deve trazer problemas pessoais para o trabalho
Na mesma linha, um cuidador de idosos não deve trazer seus problemas pessoais para a casa da pessoa assistida.
Visualize a imagem de um Shopping Center (bonito, aconchegante, perfeito): este deve ser o cuidador ao se apresentar ao trabalho.
Mas, se porventura o cuidador tiver problemas, leve-os à supervisão da empresa (em caso de terceirização) ou deixe-os do lado de fora da casa de seu idoso. Se o cliente for um psicólogo, por exemplo, o cuidador não deve tentar uma consulta grátis com seu empregador.
Assim como no shopping, deixe os problemas nos bastidores longe da vista do cliente. Essa é uma das melhores práticas para o cuidador conseguir um emprego duradouro e entender, de fato, o que é cuidar de um idoso.
Insistir em tarefas que não agregam
Sugerir tarefas para se fazer com o idoso, como arrumar o armário ou organizar fotos antigas, pode gerar ótimas oportunidades para aproveitar o tempo de forma mais útil. Mas fazer isto repetidamente e sem objetivo fica massante e não agrada a ninguém. Inclusive aos idosos.
É importante saber as tarefas que interessam aos idosos antes de tentar incluí-las em suas rotinas. Uma idosa mulher que já fez crochê pode se interessar pelo hobby, mas dificilmente isso vai acontecer com um idoso homem.
Preparar um bolo (mesmo que o idoso só assista) pode ser um bom passatempo se o idoso gostar da atividade. Caso contrário, não.
Conhecer as preferências de seu assistido é essencial para evitar erros.
Abandonar o idoso
Muitas famílias contratam cuidadores profissionais para não se fazer presentes na vida dos idosos. A verdade, porém, é que o cuidador é um auxílio, mas não um substituto à presença dos familiares.
Ao contratar um cuidador, um dos erros no cuidado ao idoso é achar que a família cumpre suas obrigações apenas por garantir o bem estar físico. Do ponto de vista psicológico e emocional, um ente querido não é substituível.
Familiar: tenha seus cuidadores para prover-lhe mais tempo com seus idosos.
Permitir situações que exijam cuidados psicológicos com o idoso
Brigas de família na frente do idoso, chantagem para que o idoso gaste seu dinheiro com terceiros (mesmo que familiares), retirar a independência e autonomia que restam ao idoso. Todas são situações que, mesmo sutis, configuram violência psicológica, e como tal, agridem o idoso.
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