A disfagia em idosos é a dificuldade (mais ou menos acentuada) na deglutição, no ato de engolir alimentos ou líquidos. É mais comum à medida que a idade avança em pacientes com doenças neurológicas ou que sofreram algum trauma na boca ou garganta.
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A presbifagia que é uma mudança fisiológica natural no processo de envelhecimento e pode ser corrigida sem perda funcional grave.
Estima-se que 8 em cada 10 idosos com Parkinson e dois terços dos doentes com Alzheimer desenvolverão disfagia, que pode levar à morte se não for identificada corretamente por cuidadores e familiares. Outras condições como a sarcopenia, ou Síndrome da Fragilidade, também podem ser causas do problema.
Ao longo do artigo, vamos trazer opções de alimentação para idosos que tem problemas para deglutir alimentos sólidos, como esta opção de café da manhã para idoso diabético (vitamina de abacate com proteínas).
Causas de disfagia em idosos
O processo fisiológico da deglutição é complexo, por isso as origens da disfagia são variadas. Identificá-las é fundamental para o tratamento dos sintomas ou para contornar a causa.
A disfagia esofágica refere-se a uma sensação de alimento ou líquido “preso” na base da garganta, ou no peito, depois que o paciente começa a engolir. As causas podem incluir desde tumores, inflamação do esôfago devido à radioterapia, dentre outras.
A disfagia orofaríngea refere-se a um sufocamento ou tosse ao tentar engolir, ou sensação de alimento (ou líquido) descendo/subindo pela traqueia. A disfagia orofaríngea pode levar à broncoaspiração (e a uma consequente pneumonia em idosos). As causas incluem doenças neurodegenerativas (Parkinson, Esclerose Múltipla, Alzheimer), câncer, dentre outras.
Sobre a disfagia em idosos, a maior parte dos casos é decorrente de doenças neurodegenerativas (como as demências já citadas), sequela de um evento neurológico agudo (como um acidente vascular encefálico ou um traumatismo cranioencefálico), uma obstrução (no caso de câncer de garganta ou de esôfago, para citar alguns), ou essencialmente da condição de fragilidade do idoso com o enfraquecimento da musculatura do esôfago.
Disfagia em idosos e a alimentação
Mesmo quando não há causa patológica para a disfagia, o processo costuma ser precedido de alterações perceptíveis no processo alimentar.
“É compreensível a reação de muitas pessoas idosas ao estranhar o gosto da água ou quando deixam de ingerir proteínas como as carnes vermelhas, selecionando alimentos mais macios e úmidos.
Elas também podem reclamar que a boca fica mais seca, ou (mesmo) de engasgos com a própria saliva, que igualmente sofre modificações e tende a ficar mais grossa. Pensando nessa ‘avalanche de transformações e perdas’ não seria estranho ocorrer um impacto direto na função da deglutição.”
(Manoela Dias, fonoaudióloga)
Presbifagia: o envelhecimento da deglutição
A presbifagia que é uma mudança que ocorre de forma fisiológica e natural durante o processo de envelhecimento humano. A disfagia é algo que deve sempre ser investigado.
Cuidadores e familiares que se deparem com casos de disfagia em idosos e de presbifagia devem se concentrar em como contornar a condição, com foco em garantir a alimentação adequada e a manutenção das atividades de vida diárias.
O objetivo deve ser a qualidade de vida da pessoa assistida.
Exercícios para disfagia em idosos
Enquanto o diagnóstico é feito por médicos, geralmente geriatras, o profissional adequado para prescrever exercícios capazes de corrigir ou contornar as consequências da presbifagia e da disfagia em idosos é o fonoaudiólogo.
Algumas observações são relevantes. Trazemos 6 pontos em caráter geral (consulte um especialista para orientações específicas):
- Atenção ao ambiente e postura: deve-se oferecer os alimentos em local tranquilo e sem distrações;
- Durante as refeições, idealmente, o idoso deve ficar sentado com leve inclinação da cabeça para frente e o cuidador deve estar sentado na mesma altura;
- Alguns exercícios práticos incluem: treinar os músculos para aumentar a força dos lábios (como dar beijinhos), movimentar os lábios para a esquerda e para direita, treinar a língua pondo-a para dentro e para fora da boca e repetidamente para direita e para esquerda, treinar as bochechas enchendo-as de ar depois encolhendo para dentro, brincar alguns minutos por dia com “línguas de sogra” daquelas comumente encontra em casas de festas;
- Durante a mastigação: massagear com a ponta dos dedos a face lateral das bochechas (evita que fique comida acumulada), movimentar a língua como que a “varrer o céu da boca” (ajuda a misturar os alimentos com a saliva e a levá-los para a parte de trás da boca);
- Antes de engolir: alinhar a cabeça e incliná-la para a frente (esta posição bloqueia a laringe e aumenta o espaço para passagem dos alimentos para o esófago);
- Depois de engolir: inclinar a cabeça para trás (esta posição eleva a laringe e ajuda a progressão dos alimentos para o esófago).
Como tratar disfagia em idosos
O tratamento do paciente disfágico pode envolver medidas fonoterápicas, clínicas ou cirúrgicas.
Fazem parte do tratamento modificações dietéticas como o uso de engrossantes ou espessantes para o consumo de líquidos; deve-se evitar líquidos muito fluidos (como chás e água pura) pois o risco de aspiração é maior.
Via de regra, convém evitar servir alimentos duros, arenosos e secos aos idosos, como bolachas água e sal, farofa, etc.
A adaptação de manobras e terapias facilitadoras da deglutição podem ser sugeridas por fonoaudiólogos (como as citadas acima), assim como o uso de medicações prescritas por médicos deve ser avaliado caso a caso.
Do ponto de vista do cuidador de idosos e seus cuidados paliativos, é importante oferecer refeições de menor volume e mais vezes por dia. Opte também por alimentos leves e macios (ou pastosos).
Opção de lanche da tarde para idosos, uma panqueca muito nutritiva, que, ficando pouco tempo no fogo, estará úmida e macia e será boa opção para pessoas com disfagia.
As alterações de saúde mais encontradas, decorrentes da dificuldade em engolir, segundo a fonoaudióloga Manoela Dias, são
- Hiperfagia (aumento desenfreado do apetite) ou a recusa alimentar;
- Diminuição do apetite;
- Incapacidade de expressar verbalmente sinais de sede ou fome;
- Autonegligência (por esquecer de se alimentar);
- Estranhamento dos sabores dos alimentos;
- Misturas de alimentos não convencionais, como bolacha recheada com alface.
Este último caso, reforça a especialista, “ocorre não por preferência pessoal, mas pela pessoa perder a noção de como combinar os alimentos de forma saudável“.
Perguntas frequentes
Abaixo nossos especialistas respondem as perguntas enviadas por nossos leitores.
Quais são os sintomas comuns de disfagia em idosos?
Engasgos constantes; tosse que não cessa nem com medicamentos; sensação de alimento ou líquido “preso” na base da garganta, ou no peito, depois que o paciente começa a engolir; sufocamento ou tosse ao tentar engolir, ou sensação de alimento (ou líquido) descendo/subindo pela traqueia; estes são alguns dos sintomas mais comuns da condição.
Como a disfagia em idosos é diagnosticada?
Normalmente, quando um ou mais dos sintomas acima mostram-se presentes de forma persistente, ou quando o paciente é diagnostico com PAC (Pneumonia Adquirida na Comunidade) em função de ter broncoaspirado líquidos e/ou alimentos.
Importante citar que, em idosos, os sintomas clássicos de pneumonia (febre, dor no peito, dificuldade para respirar) podem nem sempre estar presentes. Na dúvida, procure um médico.
Quais são as principais causas da disfagia em pessoas idosas?
Doenças neurológicas como Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer, alguns medicamentos e tratamentos agressivos como uma radioterapia, entre outros.
Quais são as opções de tratamento para disfagia em idosos?
A principal é a fonoaudiologia. Assim, além das dicas que trazemos neste artigo, em caráter geral, sugerimos procurar um fonoaudiólogo para um plano de tratamento personalizado.
Respostas de 2
Minha mãe de 83 anos tem muita dificuldade de se alimentar. Foi diagnosticado disfagia. Foi em gastro e é acompanhada por nutricionista e fono. Uma dúvida lendo a materia e a recomendação de não comer comida seca devendo optar por coisas pastosas. Para minha mãe é justamente ao contrario. Pra ela pão torrado é melhor que não torrado. Pure de batatas que imaginaria ser uma excelente opção ela não consegue engolir. Diz que fica “patinando” na garganta e não desce. Reclama de muito muco. Fico em dúvida se não pode ser outra coisa.
Minha mãe tem 79 anos e tb tem sintomas muito parecidos com de sua mãe, pra ela é melhor pão torrado, e o purê de batatas ela sente dificuldade de engolir.
Mas o problema maior são os líquidos, ela só toma com espessante, mas mesmo assim engasga com uma frequência grande.
Fora isso, muita saliva sai toda hora de sua boca,, atrapalhando no dia a dia pra dormir, ao falar, e muitas vezes engasga com a própria saliva.