A síndrome do jaleco branco não se manifesta apenas em face de médicos ou enfermeiros vestidos em sua roupa profissional mais conhecida, o jaleco branco, em ambiente hospitalar.
Para idosos lúcidos ou com quadros demenciais, pode se manifestar na presença de qualquer profissional de saúde vestido para o trabalho, como cuidadores de idosos. Saiba por que muitas famílias preferem que seus cuidadores trabalhem em “roupas tradicionais”, ou seja, descaracterizados, ao invés de utilizar uniformes como os tradicionais jalecos.
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ToggleO que é a síndrome do jaleco branco?
A maioria das pessoas não tem problemas para ir ao hospital ou serem cuidados por profissionais de saúde. Porém, algumas pessoas não se sentem confortáveis. Isto ocorre, muitas vezes, pelo fato dos profissionais de saúde estarem usando os característicos jalecos brancos, o que pode gerar medo e ansiedade nos pacientes.
Isso é o que chamamos de síndrome do jaleco branco, que quer dizer um medo inconsciente, por vezes irracional (no sentido de que não pode ser resolvido de forma pensada) de profissionais de saúde, incluíndo cuidadores de idosos, ou do ambiente hospitalar.
A síndrome do jaleco branco também pode atrapalhar a avaliação dos pacientes, dificultando os diagnósticos e tratamentos de doenças, em função disso podendo levar a complicações. A condição pode aparecer em qualquer fase da vida, sendo causada por diversos fatores.
Jamais deve ser considerada como uma banalidade, porque é uma síndrome que afeta muito a saúde e qualidade de vida dos pacientes.
Síndrome do jaleco branco: como identificar
A síndrome do jaleco branco pode ser identificada como um tipo de transtorno psicológico, e que significa ter medo das pessoas que usam jalecos brancos ou medo de hospitais, ou ainda medo de tratamentos que envolvam a sua saúde.
Um dos principais sintomas é o aumento da pressão arterial e a aparição repentina de sintomas de ansiedade na presença desses profissionais ou em hospitais. Em casa ou em outros lugares a pessoa não tem a pressão alta e nem sintomas de ansiedade, mas quando chega ao hospital, clínicas ou consultórios, ou mesmo quando se depara com profissionais da saúde vestidos com jaleco branco, mesmo o cuidador de idosos, começa a apresentar os sintomas.
Além do aumento da pressão, diversos sintomas característicos da síndrome do jaleco branco podem acometer também o paciente, como inquietação, agitação, suor excessivo, mal-estar, náuseas, tontura, coração acelerado, e tensão muscular.
Síndrome do jaleco branco: como controlar
A síndrome do jaleco branco pode ser controlada de algumas formas para evitar que se torne mais grave e impeça o atendimento pelo profissional de saúde, por exemplo:
- No caso de consultas médicas: umas das opções de controle é que a consulta seja em um ambiente mais confortável e que se não pareça tanto com um consultório;
- Os profissionais de saúde podem realizar a consulta sem jaleco e sem recursos que não sejam estritamente necessários, como o estetoscópio;
- Recomenda-se acolher bem o paciente, conversar antes de iniciar a consulta, deixar o ambiente descontraído, para que a pessoa se sinta o mais confortável possível e confie naquele profissional;
- Também é boa prática explicar todos os procedimentos que serão realizados previamente, mas sem detalhes que possam assustar o paciente impressionável, por exemplo, detalhando cortes e punções.
No caso de cuidadores de idosos recomenda-se não trabalhar uniformizado, manter uma linguagem informal e uma postura de amigo (não de empregado). Na mesma linha, não se deve preencher o Diário do Cuidador de Idosos na frente da pessoa assistida, nem falar dela, em sua presença, em terceira pessoa: ele (o idoso) é assim, ela (a idosa) não escuta.
Quais são as principais causas da síndrome do jaleco branco
A síndrome do jaleco branco pode surgir devido a algumas causas, como:
Experiências negativas com hospitais
Além do ambiente já carregar um certo peso e ser um ambiente pouco acolhedor, por vezes desagradável, é possível que em algum momento a pessoa tenha sofrido algum trauma que gerou dor e sofrimento dentro do hospital ou com algum profissional de saúde, como medo de agulha.
Os traumas físicos costumam cessar quando as feridas cicatrizam, mas o trauma psicológico pode perdurar por toda a vida de um paciente, mesmo que para outros pareça uma bobagem ou exagero.
Histórias negativas sobre hospitais
Existem histórias de erros de medicamentos ou erros em cirurgias que causam danos aos pacientes, e algumas pessoas podem absorver essas histórias acreditando que quando elas forem ao hospital, o mesmo vai acontecer com elas.
Ambiente pouco acolhedor
Onde existem filas para atendimento, onde existem muitas lesões e mortes, e onde muitas vezes os pacientes são maltratados pelos profissionais de saúde, isso pode (da mesma forma) gerar um trauma e um medo de voltar a um ambiente pouco acolhedor.
Estigma de incapacidade
A síndrome do jaleco branco relacionada aos cuidadores de idosos pode incluir outros fatores como maus tratos prévios, sensação de abandono pela família, sensação de estar relegado a uma pessoa desqualificada (de baixo nível sócio cultural), ou simplesmente pelo idoso achar que ser visto acompanhado por alguém de branco o fará percebido como um doente ou incapaz.
Como tratar a síndrome do jaleco branco?
Casos mais simples podem ser tratados com conversas, ou evitando literalmente o jaleco e outros objetos que se relacionem a tratamentos de saúde.
É importante realizar acompanhamento com um psicólogo caso a síndrome do jaleco branco não melhore, para aprender técnicas de relaxamento, para a redução da ansiedade, e mesmo para evitar que os sintomas se tornem mais graves. No caso de idosos com demência, geriatras podem ajudar.
É necessário tomar remédio para síndrome do jaleco branco?
Somente em alguns casos muito graves, dependendo da avaliação médica, podem ser prescritos medicamentos para reduzir os sintomas da ansiedade e diminuir a pressão arterial. Mas a prioridade é buscar acompanhamento psicológico e comportamental que melhorem os sintomas da síndrome do jaleco branco, evitando o uso de medicações.