A pneumonia em idosos é perigosa e pode matar: toda atenção é pouca!

A pneumonia em idosos pode ter consequências graves ou mesmo fatais, por isto demanda atenção de cuidadores de idosos e familiares. A doença é caracterizada por um processo infeccioso nos pulmões, causado em geral por bactérias e vírus. Saiba mais no Blogdocuidado.

O que leva uma pessoa a ter pneumonia?

O avanço da idade reduz as defesas naturais do organismo, processo chamado de imunossenescência.

Pneumonia em idosos

Outros fatores também são predisponentes para pneumonia adquirida na comunidade (PAC) em idosos, conheça.

Fatores de risco para pneumonia em idosos

  • Tabagismo;
  • Disfagia orofaríngea;
  • Alimentação inadequada ou desnutrição;
  • Sarcopenia;
  • Baixo peso ou perda recente de peso;
  • Uso prévio de antibióticos;
  • Imunossupressão, por exemplo, como durante tratamentos por medicamentos quimioterápicos;
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
  • Insuficiência cardíaca congestiva e outros problemas cardíacos;
  • Insuficiência renal;
  • Doença hepática crônica;
  • Hipertensão arterial;
  • Asma;
  • Diabetes;
  • Câncer;
  • Doenças neurológicas e psiquiátricas (acidente vascular encefálico, demência, doença de Parkinson, depressão);
  • Uso de medicamentos com efeitos sedativos;
  • Antipsicóticos;
  • Anticolinérgicos e opióides;
  • Alcoolismo;
  • Tubos nasogástricos (sondas);
  • Cirurgia recente;
  • Declínio funcional do idoso;
  • Fragilidade sistêmica;
  • Infecção pelo vírus influenza (gripe) e outros vírus respiratórios;
  • Contato direto e frequente com outros idosos que têm a doença (como em casas de repouso);
  • Necessidade frequente de hospitalização;
  • Internação por PAC nos últimos 2 anos.

Confira a entrevista da Dra. Anne Freitas Cardoso (@geriatraemcasadf), geriatra da clínica Neuroprime, com mais detalhes sobre a pneumonia em idosos.

Como identificar a pneumonia em idosos

Acvida: Qual a importância do diagnóstico precoce no tratamento de um quadro de pneumonia em idosos?

Dra. Anne: O diagnóstico precoce é importante para que o tratamento seja mais efetivo, haja vista que, quanto mais tardio é feito esse diagnóstico, maior tende a ser a gravidade do quadro.

Sintomas de pneumonia em idosos

Os sintomas de pneumonia em idosos (os clássicos como tosse, febre, falta de ar) podem não estar sempre presentes.

Portanto devemos sempre cogitar essa hipótese diagnóstica (PAC) mesmo na presença apenas de sintomas inespecíficos como confusão mental, distúrbio do humor, incontinência, inapetência (perda de apetite), perda de peso, declínio da capacidade funcional, piora de alguma doença crônica prévia, desmaios e quedas.

Acvida: Quais as principais diferenças observadas ao longo da vida, com relação ao risco de se contrair pneumonia, num adulto saudável, num idoso com mais de 60 anos e naqueles com mais de 80 anos? Há grupos considerados de risco?

Pneumonia

Dra. Anne: A incidência de pneumonia aumenta com a idade. À medida que o indivíduo envelhece, as modificações fisiológicas que o envelhecimento ocasiona nos sistemas respiratórios e imune deixam o geronte (idoso) mais suscetível à infecção bacteriana em decorrência da redução das defesas do organismo.

Apesar da diminuição da capacidade vital, da atividade mucociliar e da resposta imune, o envelhecimento não é fator de risco isolado para pneumonia em idosos.

Idosos

Pacientes considerados do grupo de risco incluem aqueles com: deficiências imunológicas, esplenectomia ou disfunção esplênica (mau funcionamento do baço), transplante renal, anemia falciforme, lúpus eritematoso disseminado, síndrome nefrótica, dentre outros.

Pneumonia aspirativa em idosos

Acvida: Há diversos relatos de idosos que necessitam permanecer internados em hospitais por motivos diversos, e que durante a internação desenvolvem um quadro de pneumonia. Porque, infelizmente, estes não são casos isolados? Como diminuir os riscos de que isto aconteça?

Dra. Anne: As pneumonias nosocomiais (hospitalares) são cerca de 8 a 10 vezes mais frequentes nos indivíduos maiores de 70 anos e representam aproximadamente 20% das infecções hospitalares entre os idosos.

Intubação endotraqueal com ventilação mecânica implica no maior risco para pneumonia em idosos adquirida no hospital.

Em pacientes que não estão intubados, fatores de risco envolvem tratamento antibiótico anterior, pH gástrico elevado (decorrentes de terapia com bloqueadores H2 ou inibidores da bomba de prótons – como omeprazol e afins) e coexistência de insuficiências cardíaca, pulmonar, hepática e renal, o que se torna muito mais comum com o avançar da idade.

Doenças

Além disso, têm maior risco pacientes com dentes em mau estado de conservação (é importante o acompanhamento regular do idoso com um dentista) e aqueles com doenças neurológicas (demência, doença de Parkinson, acidente vascular encefálico) ou rebaixamento do nível de consciência, que podem evoluir com pneumonia aspirativa no decorrer da internação hospitalar.

Acvida: Há dificuldades adicionais para evitar a pneumonia em idosos com Alzheimer ou outros tipos de demência?

Dra. Anne: Sim. O risco de pneumonia aumenta em pacientes com qualquer tipo de demência em fases avançadas, pois geralmente eles evoluem com disfagia e engasgos, podendo apresentar pneumonias aspirativas com maior frequência.

Além disso, a disfagia comumente leva a uma menor ingesta de alimentos e nutrientes, podendo ocasionar perda ponderal, sarcopenia e fragilidade, fatores de risco adicionais para a ocorrência de pneumonias.

Pneumonia em idosos acamados

As dicas da Dra. Anne se tornam ainda mais relevantes no trato a idosos acamados, cuja condição de baixa mobilidade, fragilidades associadas e eventuais comorbidades aumentam o risco para o desenvolvimento de doenças adquiridas e infecciosas, como a pneumonia em idosos

Por isso, reforçamos o cuidado no controle a infecções através de fatores como o uso da técnica correta para a lavagem das mãos, o uso de máscaras (no contato direto com idosos frágeis), e o conhecimento da técnica correta para a retirada das luvas de procedimentos, exemplificada no vídeo abaixo pela enfermeira Zaira Victor.


Perguntas frequentes

Abaixo respondemos as perguntas enviadas por nossos leitores.

Quais são os sintomas de pneumonia em idosos?

Os sintomas clássicos, aqueles comuns em pacientes mais jovens, como tosse, febre, falta de ar, podem não estar sempre presentes. Sintomas inespecíficos como confusão mental, distúrbio do humor (como agressividade), incontinência, inapetência (perda de apetite), perda de peso, declínio da capacidade funcional, piora de alguma doença crônica prévia, desmaios e quedas, devem ser considerados na avaliação de um quadro de pneumonia.

Como tratar pneumonia em idosos?

Ao suspeitar da infecção, não se automedique e procure um médico imediatamente.

Quais são as complicações da pneumonia em idosos?

Dentre as mais graves, citamos as limitações pulmonares permanentes e os consequentes danos neurológicos em função da baixa oxigenação cerebral decorrente da condição, que inclusive podem levar à morte.

Como prevenir pneumonia em idosos?

Para prevenir a doença, considere:

  • Evitar o tabagismo;
  • Lavar bem as mãos antes de manusear alimentos;
  • Alimentar bem o idoso, preferencialmente sob orientação de médico nutrólogo ou nutricionista;
  • Não deixe o idoso em contato direto com pessoas gripadas;
  • Atenção especial deve ser dirigida a pacientes com Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal, doença hepática crônica, hipertensão arterial, asma, diabetes, câncer, doenças neurológicas e psiquiátricas, àqueles em uso de medicamentos com efeitos sedativos, alcoólatras, gripados ou com fragilidade sistêmica.