Detecção precoce do Alzheimer: tecnologias em desenvolvimento buscam identificar os primeiros sinais da doença

Embora a maioria das doenças degenerativas não possam ser curadas, a detecção precoce do Alzheimer dá acesso a tratamentos para retardar a sua progressão. Pesquisadores identificaram novas tecnologias médicas que podem ajudar, confira.

Detecção precoce do Alzheimer

Pessoas com doença de Alzheimer experimentam declínio gradual da memória e de outras funções cognitivas. Enquanto alguns medicamentos aliviam os sintomas, tem sido um desafio desenvolver terapias para prevenir ou retardar a progressão da doença.

É possível que certos estudos que investigam tratamentos promissores não tenham sido realizados com sucesso, afirmam os especialistas, devido ao fato de que seus pacientes tinham uma condição médica muito séria no momento da avaliação.

No entanto, estes mesmos especialistas afirmam que incluir tais pacientes nas pesquisas pode permitir o avançar na compreensão da enfermidade, caso a abordagem seja diferente.

Detecção precoce da doença de Alzheimer

Pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, publicaram um estudo na Acta Neuropathologica (revista científica) contendo novos detalhes sobre uma parte do cérebro que, acreditam, possa ser o primeiro local em que o acúmulo de proteína Tau (reconhecidamente associada à neurodegeneração do Alzheimer) começa.

Os resultados mostrados no artigo podem ser úteis para diagnosticar com mais precisão o Alzheimer em um estágio muito inicial.

Como detectar Alzheimer precoce

O acúmulo patológico da proteína Tau no cérebro é uma causa bem estabelecida da alteração de vários estados de consciência, condições relacionadas à neurodegeneração, como a causada pela doença de Alzheimer, que representa de 60% a 80% de todos os casos de demência em todo o mundo.

No L’Acadique de Karolinska (Genebra, Suíça) e no SciLifeLab (Estocolmo, Suécia), pesquisadores húngaros, canadenses, franceses e alemães investigaram, com a ajuda de imagens tridimensionais avançadas, partes do cérebro humano cujas funções ainda são uma incógnita.

Alzheimer

“É um desafio investigar o tecido cerebral usando imagens em duas dimensões. Com representações tridimensionais de amostras de tecidos post-mortem de humanos, examinamos o tecido cerebral e descobrimos uma complexidade anteriormente desconhecida em áreas do cérebro acometidas por estágios iniciais da doença de Alzheimer”

afirmam os cientistas

Método pode identificar genes mais vulneráveis

Pesquisadores americanos relataram na revista Plos Genetics uma nova maneira de detecção precoce do Alzheimer, capaz de evitar que a doença piore antes que os sintomas surjam. Nesse caso, o objetivo é trabalhar no desenvolvimento de novos tratamentos, que possam ser aplicados antes que danos permanentes às funções cerebrais ocorram.

Tais pesquisas examinaram dados de 7,1 milhões de variantes de entrada – alterações na sequência da informação genética – de milhares de indivíduos.

Usando essas informações, eles criaram um algoritmo que prevê o risco de um indivíduo desenvolver a doença com base em certas diferenças genéticas. Tal simulação incorporou dados de mais de trezentas mil pessoas para ser refinada e validada.

Contudo, os médicos afirmam que o prognóstico baseado em DNA ainda não é um método eficiente para se prever o risco de um indivíduo desenvolver Alzheimer. Vários estudos científicos podem, em breve, acelerar a busca por um tratamento para a doença.

Alzheimer precoce: como diagnosticar

Para testar os limites desse método de detecção precoce do Alzheimer por análise de DNA, ainda experimental, os pesquisadores o aplicaram para determinar o risco de 636 doadores de sangue desenvolverem a doença.

A análise revelou 28 genes que podem estar ligados ao risco mais elevado, incluindo vários que nunca tinham sido estudadas.

“Estudar essas proteínas pode ajudar a descobrir novas direções para o desenvolvimento de medicamentos”, dizem os pesquisadores.

Uma pergunta, porém, fica no ar.

Enquanto a detecção precoce do Alzheimer com indicadores genéticos pode ajudar a, com antecedência, identificar indivíduos mais susceptíveis à condição, permitindo tratamentos mais eficazes, também pode abrir brechas éticas ainda não reguladas, por exemplo, dando a possibilidade de que seres humanos sejam discriminados em função dos resultados, seja em entrevistas de emprego, seja ao buscar contratar um plano de saúde.

A ciência e a ética podem iniciar uma nobre caminhada juntas, mas se se desvencilham, podem chegar a resultados bastante divergentes e indesejados. Fica a reflexão.


(com informações do jornal Correio Braziliense e da equipe editorial da Acvida cuidadores)