A dependência emocional e psicológica no idoso pode ser consequência de um cuidador manipulador e oportunista, de uma relação familiar desgastada, de uma insegurança crônica, ou mesmo da falta de definição clara dos papeis de cada um na residência do idoso; sejam filhos e netos, sejam cuidadores familiares, sejam cuidadores profissionais.
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Neste artigo, discutiremos os fatores contribuintes, os sinais e sintomas comuns, os impactos negativos na qualidade de vida, estratégias para lidar com essa dependência e orientações para cuidadores e familiares. É fundamental compreendermos que a saúde mental e o bem-estar dos idosos merecem atenção tanto quando a saúde física, se é que podemos tratá-las de maneira independente.
Dependência emocional
Diversas circunstâncias podem contribuir para o desenvolvimento da dependência emocional e psicológica. A perda de entes queridos, como cônjuges e amigos próximos, é uma das causas.
O sentimento de solidão resultante dessas perdas pode levar a uma maior dependência emocional dos poucos relacionamentos restantes. Além disso, o isolamento social, muitas vezes causado pela falta de mobilidade ou pela diminuição da rede social na terceira idade, também é um fator relevante.
Problemas de saúde, tanto físicos quanto mentais, como doenças crônicas, demência ou depressão, podem agravar o quadro.
Dependência emocional: o que é?
Vamos explicar trazendo um caso real:
Quando a cuidadora que ficava com mamãe percebeu o quão apegada a ela minha mãe estava, começaram as ameaças: “Recebi uma ótima proposta de emprego”, dizia ela num dia; “Penso em voltar para a minha terra”, dizia noutro. Tudo isso para barganhar um aumento de salário, mesmo tendo recebido um há dois meses. Mamãe chegou a se arranhar, de tão nervosa, com o medo que a cuidadora incutiu nela de que ficaria abandonada.
Mercedez (nome fictício), Rio de Janeiro-RJ
Para entender mais sobre atitudes tão reprováveis, e como evitá-las, conheça os 10 mandamentos do cuidador de idosos, diretrizes fundamentais para que os profissionais desenvolvam suas atividades com eficácia e dentro de limites éticos.
Dependência emocional: sintomas
Identificar os sinais e sintomas da dependência emocional e psicológica é essencial. Alterações de humor frequentes, como tristeza profunda, irritabilidade ou apatia, são comuns nesses casos. Autoflagelos, como o idoso se arranhando, pode ocorrer noutros casos.
A ansiedade e a preocupação excessiva também podem estar presentes, assim como a sensação de solidão e o isolamento social. Baixa autoestima e falta de interesse em atividades que antes eram prazerosas podem ser indicativos de um quadro de dependência emocional e psicológica.
Dependência psicológica
Os impactos negativos da dependência emocional e psicológica na vida dos idosos são abrangentes e podem afetar diferentes aspectos. Fisicamente, o estresse emocional crônico pode levar a problemas de saúde, como pressão alta e distúrbios do sono.
Meu filho passou bastante tempo com minha avó em seus primeiros anos de vida, visto que morávamos na mesma casa, ficando ela bastante apegada ao pequeno. Quando decidimos nos mudar, ela passou a ter dificuldades para dormir. Depois, começaram as chantagens emocionais: “Posso morrer se vocês forem embora”, vovó chegou a ameaçar. Tivemos que procurar ajuda de um psiquiatra.
Marcos (nome fictício), São José do Rio Preto-SP
Do ponto de vista mental, a dependência pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças como a depressão, em que ameaças como a citada acima podem ocorrer. Tais sinais não devem ser subestimados.
Dependência emocional: como curar
A boa notícia é que existem estratégias e abordagens para lidar com a dependência emocional e psicológica no idoso. A má notícia é que não é fácil enfrentar tais situações.
Não dramatizar, incentivar o autocuidado, estimular a prática de atividades físicas e hobbies que proporcionem prazer e satisfação, tudo isso ajuda, bem como a promoção da socialização por meio de grupos de apoio, atividades comunitárias e visitas regulares de amigos e familiares.
Buscar apoio profissional, como psicólogos e psiquiatras especializados em saúde geriátrica, pode auxiliar no processo de superação da dependência emocional.
Emocionalmente dependente
Mas não se engane: pessoas que apresentaram sintomas de dependência emocional e psicológica au longo da vida não terão os sintomas diminuídos com a idade. Pelo contrário, se o problema não for abordado adequadamente, a tendência é piorar.
Cuidadores e familiares desempenham um papel crucial no fornecimento de um ambiente acolhedor e suporte emocional adequado.
Lembre-se: não alimente os medos ou vícios das pessoas acometidas. Ao contrário, estimule sua independência e enalteça as virtudes.
Perguntas frequentes
Abaixo compartilhamos as dúvidas mais comuns enviadas por nossos leitores e respondidas pelos especialistas do Blogdocuidado.
Quais são os impactos da dependência emocional e psicológica na qualidade de vida dos idosos?
A dependência emocional e psicológica pode ter impactos significativos na qualidade de vida. Fisicamente, pode levar ao aumento do estresse, distúrbios do sono e problemas de saúde psicossomáticos. Em termos mentais, pode contribuir para o desenvolvimento de doenças como a depressão e a ansiedade, além de pensamentos circulares e limitações cognitivas.
Socialmente, a dependência emocional pode levar ao isolamento, redução da interação social e diminuição da participação em atividades gratificantes.
Quais estratégias podem ajudar a lidar com a dependência emocional e psicológica em idosos?
Algumas delas incluem incentivar o autocuidado, promover a socialização por meio de atividades em grupo ou comunitárias, buscar apoio profissional de psicólogos especializados, envolver a família no processo de apoio emocional, estimular a participação em atividades gratificantes e incentivar a independência e tomada de decisões (dentro das capacidades do idoso).
Como prevenir a dependência emocional e psicológica em idosos?
Evite relações tóxicas. Além disso, é fundamental estar atento aos sinais precoces de dependência emocional e buscar intervenção adequada o mais cedo possível, para evitar que a situação se agrave e impacte negativamente a qualidade de vida do idoso, de seus cuidadores e familiares.
Medicações podem ser necessárias em alguns casos. Procure orientação médica.
