A infantilização do idoso pode indicar uma relação tóxica entre o cuidador e seu assistido

A infantilização do idoso é um estereótipo prejudicial e equivocado. O problema surge da ideia errada de que as pessoas mais velhas são como as crianças, que têm a capacidade intelectual reduzida, que sempre possuem má audição e as funções cognitivas mais lentas.

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A boa relação entre o idoso, a família e o cuidador é fundamental tanto do ponto de vista dos cuidados diários (cuidados paliativos), quanto do ponto de vista psicológico. Saiba mais no artigo de hoje do Blogdocuidado.

Como tratar a pessoa na terceira idade?

A autonomia da pessoa idosa deve ser respeitada, assim como sua vontade, na medida em que é exprimida. Ocorre, com o tempo, que as pessoas idosas tendem a apresentar dificuldades em realizar rotinas comuns, verbalizar, ou mesmo em fazer atividades simples como pegar um copo d’água.

Nasce, cresce, reproduz e morre; sinteticamente, foi assim que o ser humano se acostumou a enxergar o ciclo da vida. A verdade, para a maioria das pessoas, é que não evoluímos para ver nosso grau de dependência aumentar com o passar do tempo.

Qualquer pessoa envolvida com o cuidado de idosos já ouviu o bordão “cuidar de idosos é como cuidar de crianças”. Nada mais equivocado para descrever o dia a dia de um idoso.

Adriano Machado, fundador da Acvida Cuidadores

Todo este contexto faz com que a infantilização do idoso se manifeste na prática dos profissionais do cuidado de várias formas.

Seja o cuidador ao chamá-lo de “amorzinho”; seja o profissional de enfermagem que não informa adequadamente a condição de saúde ao próprio paciente; seja quando um familiar conversa com o idoso (em sua presença) em terceira pessoa.

Papai é um anjinho que não ouve nada, podemos falar sobre a incontinência aqui no quarto mesmo” disse a filha na frente do pai para orientar a cuidadora, ignorando a cara desolada que o idoso fazia ao ter sua privacidade flagrantemente invadida.

História real, presenciada pela enfermeira Carolina (nome fictício) ao visitar um novo paciente

Esse tipo de atitude resulta em parte da aparente fragilização e dependência da população idosa, mas também de uma comparação equivocada de que o tratamento afetivo que é dado às crianças pode funcionar bem com a terceira idade, visto que as rotinas podem ser semelhantes.

Sim, muitas das rotinas na primeira e da terceira idade são as mesmas: a troca de fraldas, a incapacidade ou limitação física, o raciocínio menos analítico. Mas há uma diferença fundamental:

Crianças estão aprendendo com os cuidados que recebem para evoluir e encontrar seu espaço no mundo, idosos estão recebendo cuidados para manter sua dignidade e preservar seu próprio espaço.

Alguns cuidadores promovem a infantilização do idoso com o uso de palavras e termos inadequados numa tentativa de criar um “clima leve”, para tentar “ser simpáticos” ou simplesmente para “mostrar serviço”, quando na verdade o melhor serviço que pode ser mostrado é um idoso bem cuidado e feliz.

Atenção especial deve ser dada aos casos onde o cuidador “força a amizade” para mostrar mais do que de fato faz: tais atitudes muitas vezes podem esconder situações de violência e maus tratos.

DICA ACVIDA CUIDADORES: para evitar casos desagradáveis e perigosos em sua residência, instale câmeras de vídeo-monitoramento e estimule a leitura dos 10 mandamentos do cuidador de idosos independente de seu cuidador ser “de confiança”.

Quais as consequências da infantilização do idoso?

Algumas pessoas idosas respondem de forma debochada, outros fingem ignorar a situação. Independentemente da reação, a infantilização do idoso não é adequada em nenhuma situação.

Familiares, cuidadores e outros profissionais de saúde podem acarretar sérios problemas emocionais ao desrespeitar a terceira idade com um tratamento infantilizado, algo que pode ser um estopim para casos de irritabilidade, ansiedade, depressão e até mesmo suicídio.


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