Neste artigo, a fisioterapeuta Fabiane de Castro Vaz fala sobre a fisioterapia em idosos. A especialista da clínica 3id Prevenção e Reabilitação Geriátrica responde perguntas dos leitores e fala sobre a prática de exercícios e aplicações da fisioterapia, não apenas para reabilitar, mas principalmente para manter a qualidade de vida.
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ToggleFisioterapia em idosos: definições
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fisioterapia em idosos é definida como
Embora as condições de vida tenham melhorado muito nas últimas décadas, pelo menos 30% das pessoas com mais de 60 anos sofrem ou sofrerão de limitações motoras devido a problemas do sistema musculoesquelético.
A massa muscular e, portanto, a força do indivíduo reduzem com os anos, induzindo a uma condição de sarcopenia (diminuição da massa muscular ou massa magra, processo que faz parte do envelhecimento e é, em parte, responsável pela perda da qualidade de vida na terceira idade).
Essa condição fisiológica, se não tratada a tempo, pode levar a incapacidades motoras que impedem que o sujeito viva sua vida plenamente e indica a necessidade da fisioterapia em idosos.
Pergunte ao especialista
A fisioterapeuta Fabiane de Castro Vaz responde questões sobre a fisioterapia em idosos enviadas por nossos leitores. Se o leitor tiver alguma dúvida que deseja esclarecer, não deixe de colocar nos comentários ao final da postagem.
Acvida: Quando se fala em atividade física na terceira idade, muitas pessoas pensam no fisioterapeuta como alguém que “conserta” problemas físicos, não necessariamente previne. Onde o trabalho da fisioterapia em idosos se encaixa na rotina de pessoas dependentes e independentes?
Dra. Fabiane: É muito importante que esse paradigma de fisioterapia voltado para a dor seja quebrado, e que o olhar da atividade física como terapia, seja sempre voltado para a saúde em primeiro lugar, e não para remediar um dano, doença.
Dessa forma, o idoso acumularia reservas físicas, memórias motoras, manteria seu grau de força muscular adequado, massa óssea ideal, sistema cardiorrespiratório respondendo bem aos esforços, estratégias de equilíbrio ficariam prontas para qualquer saída fora do eixo de gravidade.
A atividade física previne doenças, e isso interfere diretamente no grau de independência e funcionalidade dos idosos.
Quando procurar um fisioterapeuta?
Acvida: O idoso deve procurar um fisioterapeuta apenas quando sentir algum incômodo, ou é possível pensar também em um trabalho preventivo?
Dra. Fabiane: O trabalho do fisioterapeuta é voltado para a rotina de idosos tanto dependentes quanto independentes
O que muda é o tipo de demandas e atividades que o idoso consegue realizar, as queixas que ele apresenta para desempenhar suas funções desejadas, e o tempo que demoraria para alcançarmos nossos objetivos fisioterapêuticos com ele.
O idoso que se mantém ativo ao longo da vida, é um idoso que apresenta menor chances de perder essas capacidades e habilidades motoras. Por esse motivo, o acompanhamento com o fisioterapeuta especialista em gerontologia é tão importante para a prevenção e manutenção do quadro onde ele se encontra. O almejado é envelhecer com saúde.
Acvida: Qual o foco do trabalho da fisioterapia em idosos na casa dos 60, 70, 80, 90 anos ou mais?
Dra. Fabiane: Idoso não deve ser exatamente classificado em idade, mas sim em funcionalidade. Quase sempre um idoso de 60 anos se apresenta funcionalmente melhor que um de 90, mas isso não seria real se o primeiro tiver um histórico de doenças crônicas, com sequencia de infarto e AVE, por exemplo.
Dessa forma, a avaliação é única e imprescindível para que consigamos elaborar um objetivo terapêutico de acordo com as queixas e necessidades de cada paciente.
Um idoso, por exemplo, ainda em suas atividades laborais, apresenta necessidades diferentes de outro idoso que desempenha somente atividades básicas de vida diária.
Acvida: Que tipo de exercícios ou atividades apenas o fisioterapeuta pode executar com o idoso, e quais são aquelas que podem ser delegadas ao cuidador e encaixadas no dia a dia?
Dra. Fabiane: A supervisão é essencial em todos os momentos. No entanto, cada um de nós, profissionais da saúde, temos formações específicas para desempenharmos nosso trabalho.
O médico geriatra sabe como ninguém prescrever medicações de acordo com suas avaliações médicas, o enfermeiro tem uma expertise única com os cuidados relacionados ao idoso, o fisioterapeuta, por sua vez, tem o olhar clínico-funcional totalmente voltado para as condições motoras, a maneira como se realiza cada movimento. Da mesma forma, o cuidador, que está diariamente ao lado do idoso, conhece suas feições, gostos, gestos, como nenhum de nós seria capaz de interpretar. Portanto, a equipe multidisciplinar deve sempre trabalhar sempre em conjunto.
O fisioterapeuta pode deixar prescritas atividades que considera seguras de serem realizadas pelo cuidador, para manter o idoso ativo fora do momento de atendimento, assim como ocorre ao ofertar as medicações nos horários corretos, de acordo com as orientações médicas.
Isso vai variar de acordo com o trabalho que ambos estiverem ali desempenhando juntos, vai depender do grau de funcionalidade do idoso, da avaliação que o fisioterapeuta realizar com esse paciente, e da capacidade demonstrada pelo próprio cuidador assistente.
Aparelhos de fisioterapia para idosos
Adquirir aparelhos de fisioterapia para idosos pode ser oneroso, mas o gasto pode ser evitado com criatividade e conhecimento sem deixar de lado a saúde. Confira uma sugestão de exercício neste vídeo preparado pelo pessoal da clínica 3id Prevenção e Reabilitação Geriátrica.
Acvida: Há casos em que há contraindicação para a realização de atividades de fisioterapia em idosos, por exemplo, quando o idoso tem melhores condições e poderia ir a uma academia? Nestes casos seria mais indicado o trabalho de um profissional de educação física, ou as especialidades não se confundem?
Dra. Fabiane: Assim como na fisioterapia existem pós-graduações para a área de geriatra e gerontologia, também existem educadores físicos especializados na área onde desenvolvem um trabalho incrível com os idosos, inclusive, com cadeirantes e pessoas com necessidades especiais.
O mais indicado sempre é que o idoso esteja sempre acompanhado de um profissional e que esse profissional tenha formação adequada, respeite as patologias instaladas, realize trabalho com o foco, a necessidade e dentro dos limites do idoso.
O profissional bem especializado deve estar atento sempre aos dados hemodinâmicos, às respostas cardiorrespiratórias, às funções e comprometimentos do idoso.
Mas o que vejo de mais importante é que o idoso deve estar, além de bem supervisionado, é estar seguro, confortável, ambientado e feliz dentro do espaço e do que ele esteja realizando. Isso é fundamental.
Acvida: Qual a importância do relacionamento (afinidade) entre o fisioterapeuta e o paciente para o sucesso do tratamento?
Dra. Fabiane: O vínculo entre o profissional e o paciente é chave para grande parte do sucesso da terapia (fisioterapia em idosos). Ouvir, dar atenção, conversar, entender, e isso tudo independe do ambiente que ele esteja frequentando.
Reitero: varias condições e variáveis devem estar no contexto onde a atividade física para a terceira idade é considerada. Uma delas é sem dúvida, ter o olhar voltado para o idoso como um todo, e isso interfere diretamente no carinho e na afinidade que ambos criarão durante o processo.
Acvida: Os cuidados com o corpo também devem ser observados nos cuidadores. Não são incomuns dores nas articulações, na coluna, muitas vezes até incapacitando o cuidador ao trabalho. Quais orientações os cuidadores devem seguir para manter sua saúde em dia?
Dra. Fabiane: Os cuidadores de idosos necessitam de cuidados importantes tanto físicos, como emocionais. As orientações incluem pausas a cada duas horas para alongamentos, automassagem e cuidados pessoais.
Além de orientações em relação as manobras de transferências para preservação do próprio corpo, utilizando pontos-chaves e outros recursos que evitam dores, mas posturas, desgastes articulares e tensões musculares.
E, se persistirem alguns sintomas, devem consultar um médico.
Acvida: Equipamentos que auxiliem os cuidadores a realizar transferências de idosos, por exemplo, da cadeira de rodas para a cama (como um guindaste) ainda são caros e pouco comuns no Brasil. Pode dar orientações específicas para cuidadores que devam lidar com estas situações no dia a dia?
Dra. Fabiane: Sim, existem outros recursos mais baratos e confeccionados aqui no Brasil como cintas de transferências por exemplo, mas alguns cuidadores também podem fazer usos dessa técnica com toalhas, lençóis e até mesmo com a ajuda de outra pessoa, o que facilita bastante no posicionamento corporal do momento da manobra de transferências.
Fisioterapia em idosos no domicílio
Agradecemos a gentileza da clínica 3id Prevenção e Reabilitação Geriátrica em contribuir para este artigo. A 3iD atende à domicílio e pode ser contatada por:
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