O delicado momento da morte do idoso

Morte do idoso

A morte do idoso é um tema evitado por muitas famílias. O ciclo natural da vida prevê que os idosos irão, provavelmente, partir deste mundo antes dos familiares e cuidadores que os acompanham.

O momento da partida é delicado, mas não precisa ser triste. Acompanhe alguns depoimentos emocionantes.

A morte do idoso

Nesses mais de 22 anos no cuidado a idosos dependentes, 11 destes com minha querida avó Dona Benedita – conheça sua história de mais de 101 anos de vida! – e mais 11 à frente da Acvida, tenho que admitir que a morte ainda me surpreende. Infalível, inexorável, e sempre com algo a ensinar.

Já estive em vários velórios. São ossos do ofício; ou melhor, o momento derradeiro do respeitoso ofício de dedicar-se ao idoso.

Morte

Um cuidador, assim como outros profissionais de saúde, não deve almejar prolongar a vida a qualquer custo. Nesse sentido, além de dar atenção ao conforto e à segurança, o profissional deve fazer da morte do idoso algo natural, sem sofrimento, a convergência (conclusão) da vida.

Morte de idosos acima de 80 anos

Nossos próprios olhos testemunham e não nos deixam enganar: ainda são poucos os que passam (bem) dos 80, 90, ou mesmo 100 anos.

Tive o privilégio de conviver com duas pessoas que cumpriram sua missão DE MAIS DE 100 ANOS com boa qualidade de vida até às vésperas de sua morte: minha avó paterna, já citada acima, e meu avô materno, seu Hermano, que deixou este mundo na data de ontem.

Vovô e vovó foram pessoas próximas e queridas para além de qualquer vínculo familiar.

É em homenagem ao seu Hermano que resolvi reeditar este artigo, originalmente publicado em 06 de agosto de 2020.

O conteúdo a seguir é da postagem original.


A terceira idade e seus temores

Um dos velórios em que estive me chamou a atenção. Ocorreu no auge da pandemia de Covid-19, tive a felicidade de estar presente, e, com autorização da família, reproduzo um pouco do que vi abaixo.

A morte do idoso (idosa, na verdade) me chamou a atenção tanto pela serenidade dos filhos quanto pelo relato feito por um amigo da família, o senhor Hugo Studart, que capturou o momento de forma destacada e pertinente. Reproduzo seus comentários a seguir.

A morte com dignidade

(Em itálico: texto de Hugo Studart – meus comentários entre parênteses)

Compareci há pouco ao velório de dona Nazaré, mãe dos amigos Isabel e Theodoro. Um evento singular, na sala do apartamento onde morava em Brasília. Ela, deitada em sua cama dos tempos de solteira, bela relíquia, crucifixo no alto da cabeceira, duas velas ao lado, cercada dos cinco filhos, muitos netos e bisneto. Estavam todos serenos.

Falecera na noite anterior, aos 93 anos, de causas naturais e esperadas. Estava a descansar no quarto quando sua vela apagou. Então filhos e netos foram estar a seu lado. Dormiram por lá mesmo, espalhados nos sofás.

Há muito que os filhos haviam decidido que a mãe teria a graça de fazer a Grande Passagem com máxima dignidade, no lar onde morava há 60 anos. Dona Nazaré nunca gostou do ambiente de hospital. Usufruiu do direito de receber atendimento médico em casa (acompanhada desde 2014 pelas cuidadoras da Acvida).

E, ainda, teve a sorte louca de fazer a Passagem e os ritos fúnebres da forma como deve ser, seguindo a tradição mais antiga da Humanidade: na sala de visitas do próprio lar, cercada dos entes amados.

Saúde

O nascimento é o grande momento das mães. Mas a morte é o instante maior do Ser. As decisões de Isabel, Theodoro e seus irmãos merecem aplausos efusivos, ainda maiores nesses tempos nos quais a peste (Covid-19) vem maculando a dignidade dos mortos.

Em nome de suposta segurança sanitária, estão cometendo a indignidade de lançar sacos negros de carnes às covas sem os devidos ritos fúnebres, sem as honras, sem sensibilidades, muitas vezes sem testemunhas, enfim, corrompendo as sacralidades.

Estão “coisificando” a Condição Humana… (este parágrafo é longo e faz um adendo ao tema original, para lê-lo na íntegra clique aqui)

No ensaio O Narrador, Walter Benjamin reclama da frieza da morte moderna, na solidão de quartos cinzentos de hospitais. Os médicos, em nome de uma suposta ciência e da assepsia, renega o mais relevante, o Ser Humano e os anseios de sua alma.

Escreveu isso ainda na década de 1930, quando ainda não se intubava por qualquer razão, tirando o direito do passageiro de até mesmo se despedir dos entes queridos. (em alguns casos um ato necessário para a preservação da vida, mas que deve sempre prescindir de autorização dos familiares, e do respeito necessário ao se ponderar sobre a iminência da morte do idoso e das expectativas de prolongamento de uma vida que já não se sustenta de forma natural)

A perda de identidade e dos vínculos

No mesmo ensaio, Benjamin lembra que a morte sempre foi um grande momento de aspersão de sabedoria, no qual o moribundo, sabendo da aproximação de seu Grande Dia, mandava chamar a todos para se despedir.

E vinha gente de longe para prestigiar o evento, no qual o protagonista, em geral deitado na sala de visitas, tinha a chance de declamar amores, perdoar rancores, falar de dissabores, conciliar, emitir lições sobre a vida que partia… e ficavam todos atentos às suas palavras, a seu Grande Momento, pois daqueles instantes finais muitas vezes emergia sabedoria (a experiência de uma vida inteira).

Fiquei ao lado dos amigos velando Nazaré até às 20h, quando o carro da funerária chegou para levá-la. Deixei-os para que pudessem se despedir na intimidade do sangue. Amanhã terá um velório rápido numa capela do Cemitério Campo da Esperança, o maior do Distrito Federal), provavelmente vazio e frio, tal qual as autoridade sanitárias estão a exigir. Sempre com caixão fechado. Na sequência, ela será deitada à terra.

Pedi a Theodoro permissão para tecer algumas linhas sobre o velório da mãe para lembrar aos amigos como devemos honrar nossos mortos com sensibilidade. Ele agradeceu mesmo antes de ler.

Grande mulher, essa Nazaré criou filhos que a respeitam até depois da morte. Suba rápido com a Luz. E vá para uma morada de Paz.

Presença mesmo após a passagem

Nazaré era uma mulher de presença, o que ficou evidenciado pelo respeito que evoca mesmo após sua passagem.

Um último ponto, no velório, capturou os ouvidos e almas de todos, imediatamente antes da saída do cortejo. Theodoro pediu alguns minutos para citar Santo Agostinho, num texto que, pertinente ao tema morte do idoso, trago abaixo.

As palavras desaparecem nessas horas

O medo da morte

(Em itálico: texto de Theodoro Menck)

Recordo-me apenas de um episódio da vida de Santo Agostinho, que peço licença para narrar.

Santo Agostinho, não obstante tivesse muita proximidade com sua mãe, mostrou-se sereno, quase feliz, quando do enterro de Santa Mônica. Os presentes, conhecendo os fortes vínculos de Agostinho com sua mãe, estranharam suas atitudes.

Às duvidas levantadas, Santo Agostinho teria respondido que não estava triste. Não estava triste porque sabia – tinha a certeza – de que, no paraíso, voltaria a ver sua mãe. E, acrescentou, naquele dia, 50% das condições do encontro eterno haviam sido cumpridas. Faltava ainda a outra metade, a sua própria morte, após o que ninguém mais, jamais, conseguiria separá-los.

Não tenho a força da fé de Santo Agostinho, mas procuro me consolar cultivando a ideia de que, dentro de algumas décadas, voltarei a me encontrar com minha mãe.
E desta feita, o encontro será definitivo.

A morte não é nada

Theodoro finalizou recitando uma oração de Santo Agostinho, que reproduzo abaixo.

Independente de sua orientação religiosa, são palavras de sabedoria que merecem um momento de reflexão acerca do momento da morte do idoso e de qualquer pessoa que nos seja cara.

Cuidador de idoso quando o idoso faleceu

Ao final do enterro, me lembrei de uma passagem que ouvi com um professor de arquitetura, quando falava sobre o simbolismo das catedrais.

Diz-se que, durante a construção de uma esplêndida catedral europeia, ao ser indagado sobre o que fazia ao assentar tijolos, um pedreiro respondeu: “Estou construindo uma parede.

Ao seu lado, outro homem fazia a mesma atividade. Porém, ao ser questionado sobre qual era seu trabalho, sua resposta foi bem diferente: “Estou construindo um Templo.

Idosos

Que sirva de reflexão a todos aqueles que dedicam suas vidas a cuidar de idosos dependentes, que em sua gratificante e honrosa tarefa de oferecer dignidade à vida humana, veem-se às voltas com trocas de fraldas, mudanças de decúbito, e outros procedimentos corriqueiros que podem ser feitos tanto de forma mecânica, quanto à honrar a vida e a inevitável morte do idoso.

Cuidadores: ao cumprir sua nobre missão, lembrem-se sempre que o ato mais grandioso que podem executar, em seu dia a dia, é dignificar o “Templo da vida”.

categoria: Famílias, Cuidadores Separe as tags com vírgulas a morte do conjuge para o idoso a morte do idoso um fato natural e aceitável a morte em casa do idoso a morte nao esta mais perto do idoso a percepção do idoso sobre o envelhecimento e a morte a privacidade do idoso acerca da morte como o familiar lidar com a morte do idoso como oferecer suporte a familia apos a morte do idoso como os profissionais da saude percebem a morte do idoso o idoso diante da morte e do morrer o olhar do idoso frente ao envelhecimento e a morte qual a relação do idoso com a realidade da morte —– Titulo: Demência em idosos: o que familiares e cuidadores devem saber sobre o problema Categoria: Saúde Autor: Camila Izabela de Oliveira

O sintoma clássico da demência em idosos é a falha da memória, seguida pela diminuição da capacidade de raciocínio. Entenda o que familiares e cuidadores devem saber para cuidar de idosos dementes.

Demência em idosos

Enquanto a idade média da população aumenta, explodem as ocorrências de demência em idosos.

Como agir quando um familiar é diagnosticado com algum tipo de demência, como o Mal de Alzheimer?

Antes de prosseguir no tema, convidamos a assistir ao vídeo curto O que fazer com idoso com Alzheimer? Como lidar com alguém com Alzheimer em 5 passos.

Demência no idoso

Demência é um termo usado para uma série de manifestações que ocorrem em um indivíduo por causa da degradação cerebral. As principais manifestações são a falha de memória e a diminuição da capacidade de raciocínio.

Conheça algumas origens possíveis para este problema que torna tantos idosos dependentes de cuidados paliativos, como os oferecidos por cuidadores de idosos.

Sintomas de demência no idoso

Diversas características podem aparecer com o avançar da condição demencial, como mudanças no comportamento e na personalidade, desorientação temporal e espacial, perda de autonomia para a realização das atividades de vida diária (comer, se higienizar, se alimentar), mudanças repentinas de humor, dentre outras.

Segundo Ana Castro & Cosette Castro do Coletivo Filhas da mãe, um dos temas mais recorrentes nos grupos de apoio sobre demências diz respeito aos familiares que pedem para “voltar para casa”.

As cuidadoras familiares, em particular, tendem a ficar sem ação ou resposta frente ao pedido. Algumas chegam a ficar magoadas e até ofendidas com o familiar. É comum dar uma resposta automática: “mas você está em casa”. E tentar convencer a pessoa doente de que está “tudo bem”. Mesmo que ela tenha esquecido e siga sem reconhecer a casa onde mora ou mesmo o seu quarto.

Terceira idade

Vamos desenvolver mais o tema “voltar para casa” ao final, assim como vamos falar mais dos sintomas e das próprias síndromes que causam demência no idoso ao longo do artigo, acompanhe.

Mal de Alzheimer

A Doença de Alzheimer é tida “popularmente” como a própria condição demencial.

Muitas famílias consideram os termos “Alzheimer” e “demência” como sinônimos. Na verdade, o tipo mais comum de demência é o mal de Alzheimer, mas não é o único.

No Alzheimer ocorre uma deterioração do tecido cerebral de forma progressiva e irreversível. O que se trata são os quadros (sintomas) associados à doença, como ansiedade, agitação, agressividade e depressão.

O médico faz o diagnóstico da Doença de Alzheimer com base nas manifestações clínicas do idoso, que se iniciam pelo déficit de memória, que piora gradativamente comprometendo a capacidade de se auto cuidar, administrar a rotina diária, funções cotidianas e financeiras.

A Doença de Alzheimer não é só perda de memória! Ela tem outras características importantes para a conclusão do diagnóstico.

Essencial que se o idoso apresentar algum sintoma, perda funcional durante atividades rotineiras, ou queixa, o médico geriatra o avalie através de testes específicos e destinados para o diagnóstico.

Dr. Thales Gonçalves, geriatra

As características dos pacientes com demência no Mal de Alzheimer

O mal de Alzheimer, em geral, é percebido inicialmente como desorientação de espaço e tempo:

  • Não saber onde se está;
  • Não saber qual é o dia da semana;
  • Não saber qual é o dia do mês, qual é o mês, ou mesmo o ano corrente.

A dificuldade para desenvolver atividades cotidianas tende a aumentar com o passar do tempo, assim como os transtornos de humor e ansiedade.

Saúde

A medida que o quadro se agrava, a doença compromete o reconhecimento de familiares e pode gerar comportamentos inapropriados, alucinações e perambulações.

Quando a dependência total se instala, há prejuízos severos na comunicação e perda no controle de esfíncteres, deixando a pessoa incontinente (incontinência fecal e urinária) e com dificuldade para engolir alimentos e líquidos.

Demência Vascular

O comprometimento cerebral decorrente de acidente vascular cerebral (derrame) é chamado de Demência Vascular. O derrame pode ser ocasionado por tromboses, hemorragias e pressão arterial descompensada.

Todos esses problemas podem levar a uma interrupção do suprimento sanguíneo a uma determinada região cerebral, causando a morte do tecido e, consequentemente, a perdas na função e nas capacidades inerentes à região que foi acometida. Nem todos os derrames cerebrais causam demência.

Parkinson causa demência no idoso?

A doença de Parkinson também pode levar à demência. É uma doença progressiva e degenerativa com prejuízos que se refletem na atenção, memória, cognição, função motora (tremores) e linguagem, levando a alterações de comportamento, depressão e alucinações.

Doença

As características iniciais acometem o sistema motor por lentidão de movimentos, rigidez muscular e tremores. A demência não é uma regra para todos os doentes de Parkinson, mas pode ser uma manifestação com o avançar da doença e, em alguns casos, pode haver coexistência da doença de Alzheimer.

Traumatismos cranianos

Os traumatismos podem levar à incapacidades relevantes, podendo ocasionar sintomas de demência no idoso dependendo da gravidade da lesão e do local acometido.

Os traumatismos podem ser provocados por acidentes no trânsito, quedas da própria altura ou de locais mais altos, lesões por objetos cortantes ou armas, queimaduras e outras situações. Traumatismos cranianos podem provocar lesões irreversíveis e incapacitantes.

Demência

Várias outras condições podem causar demência, como hidrocefalia, hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, e mais.

Vale citar que a demência em idosos pode ser multifatorial, ou seja, ser causada por dois ou mais fatores em conjunto. Isto dificulta o diagnóstico e tratamento, e reforça a importância do acompanhamento por um ou mais especialistas.

Sinais mais comuns nas demências

A seguir, apresentamos os 10 sinais mais comuns nas demências. Se você trabalha com idosos, certamente já se deparou com alguns destes:

  1. Déficit de memória;
  2. Dificuldades de executar tarefas domésticas;
  3. Problemas com o vocabulário;
  4. Desorientação no tempo e espaço;
  5. Incapacidade de julgar situações;
  6. Problemas com o raciocínio abstrato;
  7. Colocar objetos em lugares equivocados;
  8. Alterações de humor de comportamento;
  9. Alterações de personalidade;
  10. Perda da iniciativa (passividade).

(Fonte: CONVIVENDO COM ALZHEIMER – MANUAL DO CUIDADOR – Márcio F. Borges)

A existência de alguns dos sinais mais comuns nas demências em um idoso, contudo, não é suficiente para um diagnóstico preciso, muito menos para a prescrição de qualquer tratamento.

Para entender melhor a demência em idosos, faz-se útil identificar também as características conhecidas como Os 5 As do Alzheimer.

Sinais de demência em idosos

  • Anomia: é a incapacidade de lembrar nomes. “Qual mesmo o nome disso?”
  • Agnosia: incapacidade de reconhecer objetos. “O que é isso?”
  • Afasia: incapacidade de se expressar. “Eu não consigo dizer o que eu quero.”
  • Apraxia: incapacidade de usar movimentos que conduzem a um objetivo. Ou uso indevido de objetos devido à incapacidade de identifica-los. “Por que essa caneta não funciona?” O paciente estaria usando uma colher para tentar escrever, por exemplo.
  • Amnésia: perda de memória. “Quem sou?” ou “Onde estou?”.

Principais sintomas

Vale a pena destacar que esses 5 As do Alzheimer podem estar presentes todos juntos nas fases avançadas da doença. Então, para o diagnóstico inicial, não são necessários todos em conjunto.

Identificar a causa do problema de forma ágil e correta é fundamental para o sucesso no tratamento dos sintomas e, quando possível, conter a velocidade do avanço da doença.

Essencial que se o idoso apresentar algum sintoma, perda funcional durante atividades rotineiras, ou queixa, o médico geriatra o avalie através de testes específicos e destinados para o diagnóstico.

Dr. Thales Gonçalves, geriatra

Idoso com demência

Há uma característica que compartilham a maior parte dos idosos com demência: eles serão incapazes de realizar suas atividades de vida diárias de forma autônoma, como se alimentar, trocar de roupa, escovar os dentes, tornando-se um perigo para si próprios e para os demais, se permanecerem sozinhos por períodos longos ou mesmo curtos.

É fato: uma pessoa acometida de um quadro demencial irá precisar de ajuda de cuidadores em algum momento, seja de familiares, seja de profissionais.

Demência senil

Cuidar de um indivíduo demenciado pode ser complicado e estressante para os familiares, que quase sempre não terão a “distância psicológica” necessária para executar a tarefa. O dito popular “santo de casa não faz milagre” é bem verdade quando se trata de alguém cuidando de um caso de demência em idosos na própria família.

Como cuidar de idoso com demência senil

Aqui na Acvida Cuidadores levamos muito a sério nossa responsabilidade de cuidar de idosos com demência. Se precisar de ajuda, não hesite em procurar um cuidador de idosos profissional.


Perguntas frequentes

Abaixo trazemos algumas perguntas de nossos leitores sobre o tema demência em idosos, respondidas pelos especialistas do Blogdocuidado.

O que é demência em idosos?

Demência, como já citado, é um termo usado para uma série de manifestações que ocorrem em um indivíduo por causa da degradação cerebral. As principais manifestações são a falha de memória e a diminuição da capacidade de raciocínio.

Quais são as fases da demência?

Particularmente no Mal de Alzheimer, a doença demencial se apresenta em quatro estágios:

  • No primeiro, a memória começa a dar sinais de comprometimento e, geralmente, não são percebidos por familiares ou levados a sério;
  • No segundo estágio, as oscilações de memória ficam mais frequentes, comprometendo a segurança do idoso (esquecer o gás ligado, panela no fogo, pagamento de contas);

O quadro se agrave e, quando a dependência total se instala, há prejuízos severos na comunicação e perda no controle de esfíncteres, deixando a pessoa incontinente (incontinência fecal e urinária) e com dificuldade para engolir alimentos e líquidos.

Quanto tempo dura um idoso com demência?

Não é possível determinar com precisão quanto tempo um idoso com demência irá viver, já que isso pode variar significativamente de pessoa para pessoa e depender de vários fatores, como o tipo de demência, a gravidade dos sintomas, a idade e a saúde geral.

Isso torna a progressão de um quadro demencial algo bastante imprevisível e desafiador, tanto para o próprio paciente, quando para quem convive com ele. Não incomum, a incerteza é apontada por muitos cuidadores como uma das maiores dificuldades enfrentadas no dia a dia.

O que causa demência no idoso?

Dr. Thales Gonçalves (geriatra): A medicina ainda não sabe ao certo o porquê do surgimento da condição. No Alzheimer, por exemplo, o que se sabe é que a doença desenvolve-se como resultado de uma série de eventos complexos que ocorrem no interior do cérebro. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central (proteína TAU e beta amilóide) começam a dar errado.

Surgem, então, fragmentos de proteínas tóxicas dentro dos neurônios. Como consequência dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem, raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos e pensamento abstrato.

Qual exame detecta demência?

Dr. Thales Gonçalves (geriatra): Atualmente, em nível de consultório, não existe um exame específico para fazer o diagnóstico da Doença de Alzheimer ou para a maioria dos outros tipos de demência em idosos.

O diagnóstico é feito por um médico especialista a partir da história clínica sugestiva de perda de memória contada por familiares. Na consulta médica também são realizados testes cognitivos (testes neuropsicológicos) que auxiliam no diagnóstico da doença de Alzheimer.

Hoje em dia, na prática clínica, os exames usados para o diagnóstico de Alzheimer auxiliam no diagnóstico, mas não há certezas. Nesse momento, a solicitação de exames de imagem do cérebro se faz necessária, pois é muito importante afastar outras causas que levam a alterações que podem simular o Alzheimer, como tumores, acidente vascular cerebral (AVC) e excesso de líquido no cérebro (hidrocefalia).

Exames de imagem disponíveis:

  • Ressonância magnética de crânio;
  • Tomografia computadorizada de crânio;
  • Tomografia Computorizada por emissão de fóton único (SPECT);
  • Tomografia por emissão de pósitrons (PET);

Ainda em estudos, existem substâncias que fazem sim o diagnóstico da doença de Alzheimer em fases precoces, porém ainda não disponíveis em consultórios médicos especializados.

Quais os tipos de demência em idosos?

Existem muitos tipos diferentes de demência, mas os três tipos mais comuns são:

  1. Doença de Alzheimer;
  2. Demência vascular;
  3. Demência com corpos de Lewy;

Como é uma crise de demência?

Durante as chamadas “crises de demência”, o paciente pode apresentar um aumento na confusão, agitação, irritabilidade, agressividade, ou pode experimentar alucinações, delírios ou outras alterações no pensamento e comportamento. Essas crises podem ser desencadeadas por diferentes fatores, como mudanças no ambiente, estresse, infecções, ou alterações nos medicamentos prescritos.

É importante não contrariar o idosos demente durante uma crise, assim como evitar que se machuque.

Dica do Coletivo Filhas da Mãe: no caso do idoso que quer “voltar para casa” citado no início do artigo, pede-se que o cuidador tente se colocar no lugar do idoso. Tente se imaginar como alguém num lugar irreconhecível que os outros dizem que é o seu lar. Mesmo quando dito por alguém que ele/ela tem carinho, como uma cuidadora, não soa estranho?

Sugerimos não tentar convencer, argumentar ou rebater a pessoa com demência. Ela não está mentindo. Não reconhece mais esse lugar como a sua casa.

Uma opção para evitar o sofrimento dos dois lados é desviar o assunto, mudando o foco de sua atenção.

Que tal combinar de “voltar para casa” depois do almoço, depois do lanche da tarde, ou a noite, pois “o trânsito é mais tranquilo”. Muitas vezes, o idoso se esquece da ideia de “voltar pra casa”.

Caso real: teve cuidadora que foi “pegar o próximo trem” no portão de casa, e, apenas quando o idoso se acalmou, é que a cuidadora percebeu que o “trem já havia passado”. O idoso voltou calmamente para o quarto e adormeceu.

O mais importante ao cuidar de idosos é não se desesperar, e tentar utilizar diferentes estratégias de acordo com o perfil da pessoa. E lembrar: os pacientes não fazem isso contra você. Na medida que vão perdendo a memória, passam a viver em um mundo paralelo, perdidos em “memórias entrecortadas”.

O que é a Síndrome do Pôr do Sol?

Dr. Thales Gonçalves (geriatra):  A Síndrome do Pôr do Sol, ou também chamada de Fenômeno do Alvorecer, é uma alteração comportamental presente em uma grande parcela de pessoas que têm algum tipo de demência, como a demência na doença de Alzheimer. Ela é caracterizada pela mudança do comportamento, habitualmente num horário próximo do final da tarde ou início da noite.

Essa mudança de comportamento pode se apresentar nas mais diversas alterações, como agressividade, aumento da perambulação pela casa, crises de ansiedade com sensação de falta de ar ou dor no peito, inquietude, não reconhecimento das pessoas, etc.

A principal dificuldade que os familiares têm em relação a essa alteração do comportamento, é em entender que pode fazer parte da doença e que as medidas não farmacológicas são eficazes para tal condição, como: preparar o ambiente em que o idosos esteja, colocando uma musica que o mesmo goste, ou então manter o ambiente silencioso.

Expor o idoso ao sol da manhã, ter horários fixos das refeições e designar atividades prazerosas se mostram ser eficazes e tem grande importância. Os medicamentos antipsicóticos podem ter sua valia quando os sintomas são relevantes e ameaçam a integridade física do paciente ou do cuidador.

Qual a fase final da demência?

Ao final de um quadro demencial grave, o corpo vai literalmente “se desligando”. Nesse momento, as capacidades motoras ficam tão comprometidas que até funções básicas como a deglutição ficam prejudicadas, e casos de broncoaspiração (se engasgar com a própria saliva) e pneumonia aspiratória ocorrem com frequência.

Como acalmar uma idosa com demência?

Seguem algumas dicas sempre úteis:

  1. Crie um ambiente tranquilo com uma música que o idoso goste, e mantenha as luzes em um nível confortável;
  2. Ofereça conforto físico, por exemplo, garantindo que a pessoa idosa esteja vestida com roupas confortáveis;
  3. Exponha a pessoa ao sol da manhã;
  4. Tenha horários fixos para as refeições e para designar atividades prazerosas;
  5. Use uma voz calma e gentil: tente manter o tom da voz constante;
  6. Ofereça contato físico: segurar a mão do idoso pode ser uma boa opção.
  7. Os medicamentos antipsicóticos podem ter sua valia quando os sintomas são relevantes e ameaçam a integridade física do paciente ou do cuidador.

O que pode piorar a demência?

Existem vários fatores que podem piorar os sintomas de um quadro demencial, incluindo:

  1. Estresse e ansiedade;
  2. Infecções;
  3. Falta de paciência do cuidador;
  4. O uso de determinados medicamentos, incluindo alguns para insônia;
  5. Isolamento social.

É possível reverter demência?

Não. Mas é possível evitar os fatores que aumentam o risco de uma pessoa desenvolver a Doença de Alzheimer, e consequentemente apresentar os sinais clássicos de demência em idosos.

Hábitos que evitam demência: é possível evitar demência em idosos?

Evite, diminua ou controle:

  • Álcool em excesso;
  • Tabagismo;
  • Hipertensão e diabetes não tratados;
  • Obesidade;
  • Colesterol aumentado;
  • Dieta inadequada;

Como cuidar de idoso com demência senil?

Dr. Thales Gonçalves (geriatra): Para mim, a maior dificuldade é em relação à aceitação da doença e dos sintomas comportamentais que essa doença carrega. Um exemplo seria um idoso com Alzheimer em fase moderada a avançada, que não tem mais um horário correto de dormir, gerando insônia e perambulação durante a madrugada.

Chegam e me falam: “Mas ele nunca foi assim!”, ou então, “Por que ele está assim e não fica quieto para dormir?”.

Então, reconhecer que se trata de uma doença, e que essa doença traz essa alteração de comportamento, faz parte de um trabalho social por parte do médico, trabalho essencial para o entendimento do contexto pelos familiares.

Existem remédios para demência em idosos?

Dr. Thales Gonçalves: Os medicamentos atualmente aprovados para o tratamento da demência da doença de Alzheimer tentam diminuir a velocidade de progressão da mesma, e principalmente atenuar os sintomas comportamentais que essa doença traz.

Uma vez o diagnóstico feito, sabemos que os sintomas comportamentais virão, e essa família experimentará as mais diversas alterações de comportamento, provavelmente. Os medicamentos estão disponíveis para que os sintomas comportamentais sejam minimizados, consequentemente que o idoso e a família convivam com o menor transtorno possível diante da condição.

Vale a pena destacar que a introdução desses medicamentos devem ser feita o mais precoce possível após o diagnóstico da doença para haver melhores resultados. Então, entender e reconhecer o diagnóstico é de grande valia na aceitação da doença.


O geriatra Thales Gonçalves (35 99882-7868), especialista em casos de demência em idosos, atende na clínica Vitali Sênior em Varginha/MG.

Veja outro artigo em nosso blog: Demencia em Idoso

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