Conteúdo
O cuidado é a principal função do cuidador profissional e também um dos objetivos de sua atribuição de auxílio ao idoso. Veja os cuidados que devem ser tomados e a forma de organizá-los.
O objetivo desse artigo é descrever as atividades e funções de um cuidador profissional. Sua responsabilidade dentro e fora do domicílio está diretamente ligada à manutenção da vida e saúde do assistido. O cuidador terá possibilidade de contribuir em tudo que envolva a vida do assistido, em relação à sua qualidade de vida, conforto e bem estar.
8 dicas de prevenção de doenças nos idosos
Cuidadores de Pessoas com Limitações Físicas
O auxílio ao idoso para a realização do autocuidado é a principal função do profissional e também um dos objetivos de sua atribuição. As atividades e funções que podem ser atribuídas ao cuidador envolvem os cuidados básicos, atividades domésticas, monitoramento do quadro do assistido e estímulos que promovam a qualidade de vida. Essas atividades se referem às necessidades que envolvem a vida do idoso, como as necessidades humanas básicas e de autocuidado, de bem estar, do ambiente, da saúde e do lazer.
O trabalho do cuidador vai muito além de execuções de tarefas da rotina, pois envolve capacidades para reconhecer situações de risco, sintomas de agravamento e antecipações de problemas para prevenção de agravos.
O trabalho exige a capacidade de interpretar mensagens verbais e não verbais para reconhecer sinais e sintomas, com objetivo de minimizar ou prevenir desconfortos e situações de maior gravidade. A interação e o convívio com o assistido permitem ao seu cuidador reconhecer seus sentimentos por meio de expressões, olhares e gestos.
Entender as limitações e potencialidades do idoso permite ao profissional que o atende a possibilidade de se engajar em estratégias para o desenvolvimento de estímulos. Tais estímulos visam a preservação e evolução de suas capacidades para manutenção das atividades diárias, conforme os níveis de autonomia para essa condução.
O registro dos acontecimentos diários do assistido é importante para avaliação da pertinência dos cuidados e evolução do quadro de saúde física e mental, além de contribuir para comunicação e informação dos profissionais que lidam com os cuidados e para a atualização dos familiares e profissionais de saúde que atendem o assistido.
Antes de estipular uma rotina é importante estar ciente do histórico geral da vida do idoso. Os antecedentes de saúde, tais como doenças preexistentes, cirurgias, sequelas, limitações físicas, estado mental/ psicológico, medicamentos em uso, alergias e as dependências das atividades diárias, conduzem os passos para estruturação da rotina.
Além disso, outros aspectos, como a ocupação/profissão, preferências alimentares, religiosas, culturais, experiências e interesses, também dão sustentação para a qualidade da rotina diária.
A rotina deve ser baseada em um plano de cuidados, que é um instrumento que contém informações mais detalhadas sobre as necessidades do assistido. Ela é complementada por profissionais de saúde que dão assistência menos frequente, mas reportam recomendações a serem inseridas no dia a dia ou executam alguma atividade diretamente com o assistido, por exemplo, atendimento de fisioterapia duas vezes por semana.
O plano de cuidados está sujeito a alterações e complementações à medida que outras necessidades vão surgindo e os profissionais de saúde reformulam suas prescrições. Até mesmo a rotina não deve ser algo imutável, pois além da mudança das necessidades, as preferências pessoais, a dependência física e a condição cognitiva podem se alterar com a evolução de doenças e ao avançar da idade.
Situações imprevisíveis podem ocorrer mudando o curso e o planejamento da rotina. O cuidador deve ter ciência dos riscos e das emergências potenciais aos quais os idosos sob sua responsabilidade estão sujeitos e as providências a serem tomadas a respeito.
Por exemplo, em caso de um desmaio é preciso proteger o idoso contra queda e ferimentos, acionar suporte de emergência conforme orientação prévia da família, monitorar as reações até a chegada do socorro, acompanhar o assistido até o hospital e permanecer ao seu lado até a chegada de um familiar ou outro cuidador para troca de plantão.
O seguimento da rotina deve ser obedecido por todos que fazem parte dos cuidados diários do idoso, a não ser nas exceções de emergência. É importante que os detalhes das atividades do dia a dia fiquem registrados como um diário que permita a pesquisa retrospectiva de informação dos parâmetros fisiológicos, cuidados, atividades terapêuticas e ocupacionais.
O controle de alterações de saúde também pode ser bem executado por meio dos registros diários, por exemplo, em caso de presença de infecção urinária será possível identificar o início das alterações diante dos registros das características da urina, das queixas (ardor ao urinar e dor abdominal) e o monitoramento da evolução após conduta terapêutica (prescrição médica de medicamentos, aumento da hidratação).
Outros benefícios dos registros diários detalhados são a avaliação das condições da dieta (quantidades, frequência e tipo de alimentos), qualidade do sono, controle medicamentoso, trocas de fraldas, aspectos de comportamento, emergências, dentre outros).
Os registros devem ser feitos de preferência após a conclusão de alguma atividade. Por exemplo, após servir a alimentação, registrar o horário, as quantidades de cada alimento, quais alimentos foram oferecidos e consumidos pelo assistido. Para casos de rotinas atribuladas, outra opção é efetuar as anotações ao final do plantão, quando o assistido encontra-se tranquilo no leito para adormecer.
As anotações das atividades de vida diária se referem às necessidades fisiológicas e devem ser registradas de forma objetiva, mas contendo todas as informações importantes sobre cada parâmetro.
Antes de prosseguir, baixe aqui seu Diário do Cuidador para registrar todas as atividades realizadas com o idoso.
Sono: importante para o equilíbrio das funções do organismo, tanto físicas como psíquicas. Observar os horários de despertar, adormecer, sestas, presença de interrupções e seus motivos, comprometimento da rotina (insônia ou sonolência).
Urina: representa principalmente a eficiência da função urológica e do nível de hidratação. É aconselhável a descrição da frequência, do volume, da cor, do odor e de queixas ao urinar (dor, ardência).
Fezes: é muito importante o relato da frequência e da característica das evacuações, principalmente para avaliar a qualidade da dieta e da hidratação, além do conforto geral do assistido influenciado pela regularidade intestinal. Deve-se registrar o horário, a frequência, a cor, o odor, a consistência (pastosa, ressecada, diarreica) e as alterações (prisão de ventre, dor, sangramento, diarreia).
Higiene: é importante mencionar o horário, o tipo de banho (no chuveiro, banheira, leito) ou tipo de limpeza genital (lenço umedecido, água e sabão) e os produtos de limpeza utilizados. Durante a higiene é possível observar o aspecto geral da pele e genitália, como a integridade, a hidratação e a presença de irritações.
Mobilidade: descrição da amplitude de movimentos de membros superiores e inferiores preservada, reduzida ou com limitação; mudança de decúbito independente ou com ajuda; apoio ou dependência durante as transferências; uso de andador, muletas, bengala e etc.
Realizar exercícios passivos de amplitude de movimentos e alongamentos é muito importante para preservar o alinhamento de membros e da postura, melhorar a circulação e evitar contraturas (enrijecimento de membros). A orientação profissional de um fisioterapeuta ou educador físico, de acordo com as necessidades de cada assistido, pode ser interessante para a segurança desse tipo de cuidado.
Quadro clínico: geralmente descritos como condição atual do assistido, que pode estar conforme o habitual, esperado para um dia corriqueiro, retratado como inalterado ou pode apresentar alguma anormalidade, como a presença de dor, desconforto, tosse, febre, irritabilidade, edema, náuseas, vômitos, etc.
Sinais vitais: compreendem os parâmetros de temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória. Para o acompanhamento de uma cuidador, são monitorados aqueles que precisam de controle periódico, como febre, hipertensão, cardiopatia, dentre outros.
Atividades externas: acontecem fora da residência para lazer, atividade física e compromissos de cuidados à saúde, como passeios, caminhadas diárias, banhos de sol, consultas e exames, ida à igreja, visitas a familiares.
Atividades terapêuticas: com o objetivo de estimulação cognitiva, são atividades que visam manutenção ou estimulação da memória, raciocínio, atenção, orientação no tempo e espaço. Geralmente são desenvolvidas por meio de exercícios de cálculos, leitura, escrita, perguntas, jogos e outros. São mais bem orientados por um terapeuta ocupacional, que pode avaliar o grau de capacidade para cada estímulo e suas indicações para cada caso.
Atividades de fisioterapia, fonoaudiologia e atividade física também podem ser indicadas e realizadas pelos profissionais de saúde correspondentes ou orientadas por eles.
Mudança de decúbito: é a mudança do corpo no leito para laterais esquerda e direita, dorsal e ventral. Visa evitar redução circulatória devido a compressão dos tecidos sobre o leito. Por isso, é necessário mudar o decúbito do assistido frequentemente para evitar principalmente úlceras de pressão (escaras).
Trocas de fraldas: são indicadas sempre que necessário, ou seja, na presença de fezes e urina. A frequência da troca das fraldas influência algumas alterações na região genital, como assaduras, quando as trocas são menos frequentes que o necessário. A presença de diarreia indica trocas mais frequentes.
Refeições: numa dieta equilibrada são realizadas de 5 a 6 refeições ao dia, que são as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e os lanches intermediários, com intervalos de 3 em 3 horas entre elas. Devem ter as proporções recomendadas de cada grupo nutricional (carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, sais minerais e água).
Ao se registrar as refeições devem ser anotados os horários, a quantidade e o tipo de alimentos oferecidos e aceitos pelo idoso. É importante também relatar o volume de água oferecido. As quantidades são mensuradas geralmente por medidas caseiras, como porção média (carnes), copo, colher de servir, colher de sopa e xícara de chá, mas também podem ser medidas por volume ou peso (gramas, quilogramas, mililitros e litros).
Medicamentos: devem ser usados conforme a prescrição médica e com intenso rigor e atenção ao se administrar. Cuidadores podem administrar medicamentos orais e devem registrar a ingestão para assegurar o uso conforme o recomendado. Devem ser registrados o nome do medicamento ou a substância, a dose e os horários administrados.
Observações ou intercorrências: é um campo importante para registro, onde são relatadas alterações emergenciais (quedas, desmaio, convulsão) e fatos importantes que fogem do habitual (ausência do fisioterapeuta, visita da enfermeira).
Serviços domésticos: podem ou não ser designados aos cuidadores em função dos cuidados, desde que não coloquem em risco a integridade física do assistido. Normalmente os familiares solicitam o preparo de alimentos, organização e limpeza do ambiente de uso do assistido (quarto, banheiro e cozinha) e seus pertences (roupas, roupas de cama, objetos e documentos pessoais).
1 Comment
[…] Leia ainda: Atividades do cuidador de idosos / Auxílio ao idoso […]