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A Mudança de decúbito é um dos cuidados ao idoso acamado que deve ser feito com atenção, em especial quando o idoso é dependente. É fundamental para prevenção de úlceras de pressão e, aliado a outras práticas, contribui para a qualidade de vida dos assistidos com redução da mobilidade.
Neste post iremos falar também sobre os outros cuidados essenciais que devem ser tomados com idosos acamados:
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Algumas situações causam a restrição total de movimento do assistido, dificultando as atividades de higiene e mobilidade. Nesse caso, o próprio leito pode ser o local onde acontecerá todo o processo de higiene do corpo. Abaixo seguem os passos da higiene no leito:
É um cuidado realizado com frequência em acamados. Deve ser executado com bastante capricho para evitar ou combater assaduras e outras complicações associadas. O ideal é trocar a fralda sempre que estiver molhada ou com fezes.
Nunca deixar uma fralda armazenar urina demais durante um período, pois a pele pode sofrer com o contato prolongado e desenvolver assaduras, também chamadas de dermatite de fraldas ou amoniacal.
As fezes também irritam a pele e podem piorar as condições de assaduras iniciais por facilitar a infecção local. A cada troca da fralda, deve-se realizar a higiene genital.
O ideal é utilizar água e sabão para a limpeza, secando-se suavemente o local com uma toalha limpa e macia. O uso de lenços umedecidos, gazes, compressas e algodões para limpeza podem ser usados em algumas circunstâncias, desde que sem muita frequência.
A técnica para a higiene é muito importante para a eficiência da limpeza e para a prevenção e infecções por contaminação fecal. Cada vez que o lenço ou equivalente for passado na pele para remover os restos de urina e fezes, deve-se trocar a face do lenço, em movimentos unidirecionais, ou seja, apenas do sentido genitália para o ânus e nunca o contrário.
Em caso de haver contato com fezes ou urina, também é prudente que as roupas de cama e do assistido sejam trocadas nesse momento.
O colchão deve ser higienizado, por isso é fundamental que o assistido tenha um de material impermeável para facilitar a limpeza. Não há nada mais desagradável do que o odor de urina, que fica impregnado no quarto, colchão e roupas de cama do assistido.
A pele do idoso deve ser avaliada diariamente, de preferência no momento do banho. Alterações de cor, textura, lesões, manchas e hematomas que forem identificados devem ser levados ao conhecimento da família e/ou dos profissionais que assistem o idoso.
A hidratação da pele é uma atividade que deve ser realizada usualmente após o banho ou higiene. Uma pele ressecada pode causar prurido, descamação e até irritações que podem evoluir para dermatites.
A desidratação corporal pode dar sinais de ressecamento na pele do idoso, por isso é muito importante manter um bom nível de ingestão de líquidos para garantir uma boa hidratação da pele e dos cabelos.
Mesmo assistidos acamados e totalmente dependentes devem ter boa aparência. Seus antigos hábitos e costumes relativos à apresentação pessoal devem ser conservados considerando as possibilidades.
Não é porque o idoso está acamado e em quadro demencial avançado que sua apresentação pessoal deve ser deixada de lado. O idoso nesse estágio continua sendo uma pessoa com direitos e sua dignidade deve ser preservada.
Algumas pessoas subestimam a saúde bucal de idosos acamados, principalmente quando se usa sonda gástrica para alimentação e quando o idoso não conserva todos os dentes. A higiene oral não se refere apenas aos dentes, mas à cavidade bucal por completo. Mesmo que a alimentação seja pastosa e não se use mais próteses orais, a boca deve ser higienizada.
O cuidado é semelhante à higiene oral de um bebê, com uso de gaze umedecida para limpar toda a cavidade oral, gengivas e língua. Em alguns idosos também se pode usar enxaguantes bucais para umedecer a gaze.
Deve-se sempre observar se há lesões na boca e informar a família ou profissionais de saúde sobre alterações como feridas, gengivites, estomatites (aftas), candidíase (placas brancas) ou tumorações (caroços), pois para cada tipo de lesão há um cuidado específico.
É importante que o ambiente que o idoso habita e os aparelhos que entram em contato com ele sejam higienizados frequentemente. Locais e equipamentos podem ser veículos de contaminação, favorecendo o desenvolvimento de infecções.
Portanto, o banheiro que o idoso utiliza, seu quarto e seu leito devem estar livres de poeira, umidade, mofos e odores de excreções corporais, como fezes, urina e suor. Ambiente e leitos limpos contribuem para a saúde e o bem estar de idosos, principalmente daqueles restritos ao leito.
Equipamentos como cadeiras de rodas e banho, compadres/comadres, colchões, termômetros, aparelhos para medir a pressão arterial, bandejas, andadores e bengalas devem ser higienizados com solução de álcool 70% periodicamente, sempre que forem usados (antes e depois) ou quando apresentarem sujidade aparente.
Alimentação pastosa
É frequentemente indicada a idosos com problemas para engolir (disfagias) e mastigar. Geralmente são orientadas e prescritas por médicos ou nutricionistas, mas preparados e processados por familiares, funcionários domésticos ou cuidadores.
A orientação do profissional que orienta a indicação da dieta é muito importante, pois alguns alimentos devem ser amassados, batidos ou peneirados antes de serem servidos ao assistido.
Alimentação via sonda
Geralmente, a dieta indicada para ser infundida via sonda gástrica (nasogástrica, nasoenteral ou gastrostomia) é industrializada, mas a nutricionista também pode orientar o seu preparo caseiro.
O cuidado na higiene, tanto do preparo como da manipulação e administração da dieta, é importantíssimo para evitar contaminações e infecções via alimentar. A higiene das mãos antes do preparo e administração dos alimentos também é fundamental.
Administração de medicamentos: quando a capacidade para engolir está comprometida, a administração medicamentosa para o idoso é dificultada.
Muitos familiares e cuidadores optam por colocar o medicamento misturado nas refeições como estratégia para garantir que ele seja ingerido, ou por vezes amassam o comprimido ou drágea para diluir em água ou suco. Essas alternativas não trazem prejuízos desde que o medicamento não sofra interferências dos processos de diluição e mistura.
Alguns medicamentos têm seus efeitos alterados quando são administrados concomitantemente com alimentos.
Além disso, quando têm suas camadas externas violadas (cápsulas, drágeas), podem sofrer inativação por parte das secreções gástricas, por exemplo. Todo medicamento deve ser prescrito pelo médico, que também deve orientar os horários, as formas de administração e as interações medicamentosas importantes.
São parâmetros que auxiliam o julgamento sobre as condições do estado atual do idoso. Indicam mudanças importantes no quadro e constatam os estados de vida, morte e outras alterações orgânicas que podem indicar problemas sérios.
A pressão arterial é a força que o sangue exerce na parede das artérias quando circula. É uma medida importante a ser mensurada em idosos para controle preventivo e tratamento.
Uma pressão arterial adequada num adulto deve estar na faixa de 120 por 70 ou 12×7.
Entretanto, esses valores não constituem uma regra, já que pessoas podem ser normotensas, ou seja, ter uma pressão normal para as suas funções orgânicas com parâmetros mais baixos ou com controle regular medicamentoso, apresentar medidas maiores.
O Ministério da Saúde considera uma pressão arterial de até 139 X 79 mmHg como limítrofe, ou seja, ainda não passível de tratamento medicamentoso.
Os aparelhos devem estar seguros para uma aferição verídica, tanto em dispositivos digitais como manuais. Os aparelhos manuais (esfigmomanômetro) devem ser calibrados regularmente para uma aferição confiável e aparelhos digitais devem estar com baterias e pilhas carregadas.
A indicação da regularidade do controle da pressão arterial é indicada pelo médico ou outros profissionais de saúde que acompanham o idoso e as medidas devem ser sempre registradas com as suas datas e horários correspondentes.
A temperatura é outro sinal vital importante, pois indica febre ou hipotermia. Febre é sinal de infecção, mas muitas vezes o idoso não chega a apresentar essa alteração de temperatura em algumas infecções, como urinária ou respiratória.
Por isso, seu cuidador deve estar atento a outros sinais, como apatia, inapetência, cansaço, sonolência, alterações na urina (em caso de infecção urinária) e alterações respiratórias (para infecções de via aéreas).
Temperaturas muito baixas podem indicar perda de calor por exposição ao frio ou consequências de traumas (hemorragia e choque).
Nessas condições, mãos e pés podem apresentar-se frios e há manifestação de tremores como tentativa do organismo de reduzir a perda de calor. Uma temperatura considerada normal está entre 36,5o e 37o.
As frequências cardíaca e respiratória são usualmente medidas durante internações ou conforme recomendação médica em casos específicos. Para medir a frequência cardíaca, é necessário palpar o punho na direção do dedo polegar até perceber a pulsação, contando o pulso durante um minuto marcado no relógio.
A frequência cardíaca normal de um adulto em repouso está na faixa de 60 a 100 batimentos por minuto. A frequência respiratória é medida contando-se os movimentos respiratórios durante um minuto, com o movimento do abdômen e expansão do tórax no movimento de inspiração.
Num adulto, a frequência respiratória padrão está entre 16 e 20 insuflações por minuto.
É a mudança da posição do corpo para evitar pressão prolongada na face que fica contra a superfície do leito.
A redução da circulação na região causa a morte do tecido, manifestada em ulcerações, que chamamos de úlceras de pressão ou escaras. O melhor é prevenir o aparecimento de escaras, pois o idoso acamado tem a cicatrização mais lenta e a lesão poder ser porta de entrada para infecções.
As escaras se desenvolvem com mais frequência em locais onde há proeminências ósseas, ou seja, onde alguns ossos são mais aparentes ou palpáveis, como a região sacral (nas costas, acima dos glúteos) e a escapular, os calcanhares, os maléolos (ossinhos internos e externos dos tornozelos), o quadril e as laterais dos joelhos e cotovelos.
Para prevenir escaras, deve-se realizar a mudança de decúbito regular, ou seja, mudar a posição no leito a cada duas horas ou menos, conforme indicação profissional. Proteger essas proeminências ósseas com coxins também ajuda a evitar a pressão nos locais mais propícios a escaras.
Todos esses cuidados aliados a níveis de nutrição e hidratação adequados reduzem consideravelmente a chance de aparecimento do problema.
É a transposição do corpo do assistido do leito ou outro assento para a cadeira (banho ou rodas) ou vice versa.
É um cuidado que exige capacidade física e técnica para ser executado. Um cuidador inexperiente ou inseguro jamais deve tentar transferir um idoso acamado, pois há grande risco de queda e lesões tanto para o assistido como para quem o transfere. A sequência a seguir descreve os passos para a transferência de acamados:
É o deslocamento do idoso para pequenas e grandes distâncias, onde será necessário o uso de meio de transporte ou locomoção. A cadeira de rodas pode ser utilizada para transporte do assistido em pequenas distâncias, como trânsito, dentro da residência, passeios e em dependências hospitalares.
Alguns meios de transporte possuem capacidade para acomodar o assistido assentado na cadeira de rodas. Geralmente, os automóveis de passeio comportam o assistido acomodado diretamente no assento e, para isso, será necessário executar a transferência do idoso.
O sol é importante para ajudar o organismo na produção de vitamina D, que ajuda a fixar o cálcio nos ossos e manter os níveis de concentração no sangue. Para isso, é importante que se exponha o corpo a luz solar diariamente por 20 minutos. A pele deve estar descoberta o máximo possível.
É necessário um local privativo e sem muita corrente de ar para proporcionar esse benefício ao idoso. O leito do idoso também pode ser posicionado próximo à janela do quarto, expondo seu corpo aos raios solares uma vez ao dia. Essa medida, quando possível, é mais confortável e evita a exposição do idoso.
Assistidos acamados e comumente em fase de demência avançada não apresentam alguns sinais característicos de agravos ou não são capazes de manifestar o que sentem.
Indícios de dor, desconforto, febre, falta de ar, cansaço, apatia, desânimo, agitação, irritabilidade, agressividade, insônia e sonolência são características subjetivas, mas podem ser percebidas pelo cuidador ou familiar.
As alterações que são visíveis ou facilmente identificadas, como lesões, sudorese excessiva, constipação ou diarreia, alterações na cor da urina, hemorragias e tumorações aparentes são evidências mais claras de alterações que os cuidadores podem notificar à família e aos profissionais de saúde para que tomem as providências cabíveis.