O cuidado é a principal função do cuidador profissional e também um dos objetivos de sua atribuição de auxílio ao idoso. Veja os cuidados que devem ser tomados e a forma de organizá-los.
O objetivo desse artigo é descrever as atividades e funções de um cuidador profissional. Sua responsabilidade dentro e fora do domicílio está diretamente ligada à manutenção da vida e saúde do assistido. O cuidador terá possibilidade de contribuir em tudo que envolva a vida do assistido, em relação à sua qualidade de vida, conforto e bem estar.
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ToggleO cuidado ao idoso
O auxílio ao idoso para a realização do autocuidado é a principal função do profissional e também um dos objetivos de sua atribuição. As atividades e funções que podem ser atribuídas ao cuidador envolvem os cuidados básicos, atividades domésticas, monitoramento do quadro do assistido e estímulos que promovam a qualidade de vida. Essas atividades se referem às necessidades que envolvem a vida do idoso, como as necessidades humanas básicas e de autocuidado, de bem estar, do ambiente, da saúde e do lazer.
Qual a função do cuidador
O trabalho do cuidador vai muito além de execuções de tarefas da rotina, pois envolve capacidades para reconhecer situações de risco, sintomas de agravamento e antecipações de problemas para prevenção de agravos.
O trabalho exige a capacidade de interpretar mensagens verbais e não verbais para reconhecer sinais e sintomas, com objetivo de minimizar ou prevenir desconfortos e situações de maior gravidade. A interação e o convívio com o assistido permitem ao seu cuidador reconhecer seus sentimentos por meio de expressões, olhares e gestos.
Importância de ter uma rotina
Entender as limitações e potencialidades do idoso permite ao profissional que o atende a possibilidade de se engajar em estratégias para o desenvolvimento de estímulos. Tais estímulos visam a preservação e evolução de suas capacidades para manutenção das atividades diárias, conforme os níveis de autonomia para essa condução.
O registro dos acontecimentos diários do assistido é importante para avaliação da pertinência dos cuidados e evolução do quadro de saúde física e mental, além de contribuir para comunicação e informação dos profissionais que lidam com os cuidados e para a atualização dos familiares e profissionais de saúde que atendem o assistido.
Antes de estipular uma rotina é importante estar ciente do histórico geral da vida do idoso. Os antecedentes de saúde, tais como doenças preexistentes, cirurgias, sequelas, limitações físicas, estado mental/ psicológico, medicamentos em uso, alergias e as dependências das atividades diárias, conduzem os passos para estruturação da rotina.
Além disso, outros aspectos, como a ocupação/profissão, preferências alimentares, religiosas, culturais, experiências e interesses, também dão sustentação para a qualidade da rotina diária.
A rotina deve ser baseada em um plano de cuidados, que é um instrumento que contém informações mais detalhadas sobre as necessidades do assistido. Ela é complementada por profissionais de saúde que dão assistência menos frequente, mas reportam recomendações a serem inseridas no dia a dia ou executam alguma atividade diretamente com o assistido, por exemplo, atendimento de fisioterapia duas vezes por semana.
O auxílio ao idoso
O plano de cuidados está sujeito a alterações e complementações à medida que outras necessidades vão surgindo e os profissionais de saúde reformulam suas prescrições. Até mesmo a rotina não deve ser algo imutável, pois além da mudança das necessidades, as preferências pessoais, a dependência física e a condição cognitiva podem se alterar com a evolução de doenças e ao avançar da idade.
Situações imprevisíveis podem ocorrer mudando o curso e o planejamento da rotina. O cuidador deve ter ciência dos riscos e das emergências potenciais aos quais os idosos sob sua responsabilidade estão sujeitos e as providências a serem tomadas a respeito.
Por exemplo, em caso de um desmaio é preciso proteger o idoso contra queda e ferimentos, acionar suporte de emergência conforme orientação prévia da família, monitorar as reações até a chegada do socorro, acompanhar o assistido até o hospital e permanecer ao seu lado até a chegada de um familiar ou outro cuidador para troca de plantão.
Controle da rotina
O seguimento da rotina deve ser obedecido por todos que fazem parte dos cuidados diários do idoso, a não ser nas exceções de emergência. É importante que os detalhes das atividades do dia a dia fiquem registrados como um diário que permita a pesquisa retrospectiva de informação dos parâmetros fisiológicos, cuidados, atividades terapêuticas e ocupacionais.
O controle de alterações de saúde também pode ser bem executado por meio dos registros diários, por exemplo, em caso de presença de infecção urinária será possível identificar o início das alterações diante dos registros das características da urina, das queixas (ardor ao urinar e dor abdominal) e o monitoramento da evolução após conduta terapêutica (prescrição médica de medicamentos, aumento da hidratação).
Benefícios da rotina
Outros benefícios dos registros diários detalhados são a avaliação das condições da dieta (quantidades, frequência e tipo de alimentos), qualidade do sono, controle medicamentoso, trocas de fraldas, aspectos de comportamento, emergências, dentre outros).
Os registros devem ser feitos de preferência após a conclusão de alguma atividade. Por exemplo, após servir a alimentação, registrar o horário, as quantidades de cada alimento, quais alimentos foram oferecidos e consumidos pelo assistido. Para casos de rotinas atribuladas, outra opção é efetuar as anotações ao final do plantão, quando o assistido encontra-se tranquilo no leito para adormecer.
As anotações das atividades de vida diária se referem às necessidades fisiológicas e devem ser registradas de forma objetiva, mas contendo todas as informações importantes sobre cada parâmetro.
Os registros devem apresentar cabeçalho com data e nome do responsável pelas anotações.
Antes de prosseguir, baixe aqui seu Diário do Cuidador para registrar todas as atividades realizadas com o idoso.
Sono: importante para o equilíbrio das funções do organismo, tanto físicas como psíquicas. Observar os horários de despertar, adormecer, sestas, presença de interrupções e seus motivos, comprometimento da rotina (insônia ou sonolência).
Urina: representa principalmente a eficiência da função urológica e do nível de hidratação. É aconselhável a descrição da frequência, do volume, da cor, do odor e de queixas ao urinar (dor, ardência).
Fezes: é muito importante o relato da frequência e da característica das evacuações, principalmente para avaliar a qualidade da dieta e da hidratação, além do conforto geral do assistido influenciado pela regularidade intestinal. Deve-se registrar o horário, a frequência, a cor, o odor, a consistência (pastosa, ressecada, diarreica) e as alterações (prisão de ventre, dor, sangramento, diarreia).
Higiene: é importante mencionar o horário, o tipo de banho (no chuveiro, banheira, leito) ou tipo de limpeza genital (lenço umedecido, água e sabão) e os produtos de limpeza utilizados. Durante a higiene é possível observar o aspecto geral da pele e genitália, como a integridade, a hidratação e a presença de irritações.
Mobilidade: descrição da amplitude de movimentos de membros superiores e inferiores preservada, reduzida ou com limitação; mudança de decúbito independente ou com ajuda; apoio ou dependência durante as transferências; uso de andador, muletas, bengala e etc.
Realizar exercícios passivos de amplitude de movimentos e alongamentos é muito importante para preservar o alinhamento de membros e da postura, melhorar a circulação e evitar contraturas (enrijecimento de membros). A orientação profissional de um fisioterapeuta ou educador físico, de acordo com as necessidades de cada assistido, pode ser interessante para a segurança desse tipo de cuidado.
Quadro clínico: geralmente descritos como condição atual do assistido, que pode estar conforme o habitual, esperado para um dia corriqueiro, retratado como inalterado ou pode apresentar alguma anormalidade, como a presença de dor, desconforto, tosse, febre, irritabilidade, edema, náuseas, vômitos, etc.
Sinais vitais: compreendem os parâmetros de temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória. Para o acompanhamento de uma cuidador, são monitorados aqueles que precisam de controle periódico, como febre, hipertensão, cardiopatia, dentre outros.
Atividades externas: acontecem fora da residência para lazer, atividade física e compromissos de cuidados à saúde, como passeios, caminhadas diárias, banhos de sol, consultas e exames, ida à igreja, visitas a familiares.
Atividades terapêuticas: com o objetivo de estimulação cognitiva, são atividades que visam manutenção ou estimulação da memória, raciocínio, atenção, orientação no tempo e espaço. Geralmente são desenvolvidas por meio de exercícios de cálculos, leitura, escrita, perguntas, jogos e outros. São mais bem orientados por um terapeuta ocupacional, que pode avaliar o grau de capacidade para cada estímulo e suas indicações para cada caso.
Atividades de fisioterapia, fonoaudiologia e atividade física também podem ser indicadas e realizadas pelos profissionais de saúde correspondentes ou orientadas por eles.
Mudança de decúbito: é a mudança do corpo no leito para laterais esquerda e direita, dorsal e ventral. Visa evitar redução circulatória devido a compressão dos tecidos sobre o leito. Por isso, é necessário mudar o decúbito do assistido frequentemente para evitar principalmente úlceras de pressão (escaras).
Trocas de fraldas: são indicadas sempre que necessário, ou seja, na presença de fezes e urina. A frequência da troca das fraldas influência algumas alterações na região genital, como assaduras, quando as trocas são menos frequentes que o necessário. A presença de diarreia indica trocas mais frequentes.
Refeições: numa dieta equilibrada são realizadas de 5 a 6 refeições ao dia, que são as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e os lanches intermediários, com intervalos de 3 em 3 horas entre elas. Devem ter as proporções recomendadas de cada grupo nutricional (carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, sais minerais e água).
Ao se registrar as refeições devem ser anotados os horários, a quantidade e o tipo de alimentos oferecidos e aceitos pelo idoso. É importante também relatar o volume de água oferecido. As quantidades são mensuradas geralmente por medidas caseiras, como porção média (carnes), copo, colher de servir, colher de sopa e xícara de chá, mas também podem ser medidas por volume ou peso (gramas, quilogramas, mililitros e litros).
Medicamentos: devem ser usados conforme a prescrição médica e com intenso rigor e atenção ao se administrar. Cuidadores podem administrar medicamentos orais e devem registrar a ingestão para assegurar o uso conforme o recomendado. Devem ser registrados o nome do medicamento ou a substância, a dose e os horários administrados.
Observações ou intercorrências: é um campo importante para registro, onde são relatadas alterações emergenciais (quedas, desmaio, convulsão) e fatos importantes que fogem do habitual (ausência do fisioterapeuta, visita da enfermeira).
Serviços domésticos: podem ou não ser designados aos cuidadores em função dos cuidados, desde que não coloquem em risco a integridade física do assistido. Normalmente os familiares solicitam o preparo de alimentos, organização e limpeza do ambiente de uso do assistido (quarto, banheiro e cozinha) e seus pertences (roupas, roupas de cama, objetos e documentos pessoais).